O País ficou ontem a saber que 70 personalidades,
de diversos quadrantes políticos, subscreveram um Manifesto onde concluem pela
necessidade de o País renegociar a sua Dívida Pública!
O PCP não pode deixar de sublinhar o facto de,
quase três anos depois ter apresentado e sucessivamente proposto a inadiável
renegociação da dívida, haja agora quem pareça reconhecer a natureza
insustentável da dívida e as consequências devastadoras que lhe estão
associadas.
Na verdade, quando em 5 de Abril de 2011, pela voz
do seu Secretário-geral, o PCP assumiu a renegociação da dívida enquanto opção
alternativa à assinatura do Pacto de Agressão, fê-lo enfrentando a oposição e a
incompreensão de muitos. Oposição bem visível na rejeição que PS, PSD e CDS
assumiram, ao longo destes três anos, aos sucessivos projetos de resolução
apresentados pelo Grupo Parlamentar do PCP.
Não podendo deixar de sublinhar que o País poderia
ter sido poupado a três anos de profundo desastre, o Manifesto agora divulgado
– ainda que pecando por tardio e tendo como subscritores alguns dos
responsáveis pela espiral de consequências decorrentes do Pacto de Agressão – é
uma confirmação mais da indispensável renegociação da dívida e a ruptura com o atual
rumo político e da urgência de interromper a ação do governo.
Com diferenças em vários aspectos com a proposta
do PCP – por exemplo, a não consideração de um corte substancial do volume da
Dívida, mesmo se falam lateralmente de «perdão» de parte da dívida, a restrição
da reestruturação à dívida ao sector oficial salvaguardando a dívida ao sector
privado institucional, ou uma expectativa não fundada numa mutualização
significativa da dívida pela União Europeia, a partir de uma iniciativa
eleitoralista da Comissão Europeia (um Relatório sobre a criação de um fundo
europeu de amortização da dívida antes das eleições para o Parlamento Europeu,
a 25 de Maio!), o que os subscritores do manifesto agora vêm reconhecer é a
necessidade da renegociação.
Uma renegociação que, para o PCP, deve ser
assumida por iniciativa do Estado português, na plenitude do direito soberano
da salvaguarda dos interesses do País e do povo, assente num serviço da dívida
compatível com o crescimento económico e a promoção do emprego, tendo como
objectivo a sustentabilidade da dívida no médio e longo prazos.
Há muito que o PCP proclama que a Renegociação
deve ser acompanhada por uma ruptura com as orientações da política de direita,
de que aliás alguns dos subscritores foram executantes, e a concretização de
uma política de crescimento e emprego, de desenvolvimento económico e social do
País. Também há muito que o PCP, na sua intervenção política sobre o assunto,
propõe, como fizeram agora os signatários, como exemplo e grelha possíveis de
uma renegociação da Dívida, a reestruturação da Dívida da Alemanha no
pós-guerra!
As manifestações até agora conhecidas do governo
sobre o Manifesto, pela voz do primeiro-ministro, mas também do próprio PS,
mostram que nada aprenderam com o desastre destes três anos, e põem a nu, mais
uma vez, o seu profundo compromisso e identidade políticos com a Troika – FMI,
Comissão Europeia e Banco Central Europeu – e com o Pacto de Agressão que
subscreveram com essas entidades!
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