Poderia dizer-se
que o mais perigoso do projecto Azeitão+Seguro é a promiscuidade
entre a associação «Azeitão no Coração» e a Freguesia
gerida por eleitos de «Azeitão no Coração» e a falta de transparência na
prestação de apoio da Junta para actividades da referida associação.
Poderia dizer-se
que o mais perigoso do projecto Azeitão+Seguro é a forma populista e demagógica
com que aborda as questões da segurança, promovendo um clima de suspeição e
desconfiança.
Poderia dizer-se
muita coisa, mas a questão central e o maior perigo é a total irresponsabilidade
com que intervêm nesta área, com a cobertura de uma entidade pública, uma
Freguesia.
Numa sociedade
civilizada as questões relacionadas com a segurança devem ser alvo de análises
sérias e rigorosas, protegidas de sentimentos irracionais e perigosos
fanatismos securitários.
Muitos foram e são
os movimentos fascistas, de sectores vários da extrema-direita e populistas que
exploraram e exploram sentimentos de insegurança das populações, fomentando o
medo, instigando ódios contra o diferente, o estrangeiro, o estranho, o
desconhecido.
Os sectores mais
reaccionários da direita portuguesa insistem, perante alguns fenómenos e
expressões de criminalidade, em erguer cidades rodeadas de arame farpado, na
vídeo-vigilância, na criação de milícias que colocam cidadãos a vigiar os
passos de outro cidadãos.
Em Azeitão, este
projecto Azeitão+Seguro, mesmo partindo de reais problemas de segurança, opta
pela postura irresponsável, pelo semear da desconfiança, pelo apelo à justiça
popular, pelo pôr em causa o papel das forças de segurança, continuando a
revelar o que representa no plano político e ideológico a tal associação
«Azeitão no Coração» e as suas práticas cada vez mais coladas a uma certa
direita trauliteira.
O espírito de
missão, à semelhança de uma milícia popular, é tão grande que nem se dão conta
do ridículo papel a que se prestam ao dar coordenadas de GPS de zonas de
consumo e tráfico de estupefacientes, quando alertam para o rapaz que brinca
com dois cães ou para o carro de matrícula estrangeira, como se pode ver nos
exemplos seguintes.
O ridículo seria o
menos e até daria para uma boa gargalhada, não fosse ser extremamente perigoso
e imprudente o que andam a semear.
Por João Afonso Luz
in Praça do Bocage
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