segunda-feira, 7 de abril de 2014

Avante com Abril! Organizar, Lutar, Transformar


Estão a chegar ao fim os trabalhos do X Congresso da Juventude comunista portuguesa.

Quero, antes de mais, saudar todos os congressistas e convidados presentes e todos aqueles que durante o largo período da sua preparação se empenharam com a sua participação, a sua opinião e as suas propostas para que este Congresso fosse o grande êxito que todos reconhecemos.

Saudamos a presença do grupo Ganhões de Castro verde, exemplo que reforça a candidatura do Cante alentejano a património imaterial da Humanidade junto da Unesco!

Foi um Congresso de resposta aos problemas da juventude como está patente na Resolução Política aprovada, mas também de afirmação de confiança no movimento juvenil, nas suas capacidades, disponibilidade e criatividade.

Um congresso que é um momento de construção colectiva e de reflexão crítica sobre a evolução do país, do mundo e da situação da juventude.

Momento para retirar ensinamentos e conclusões, definir orientações para o futuro e apontar medidas de organização e direção para o reforço da JCP e da sua ação junto da juventude.

Um Congresso que é uma grande referência para a luta da juventude portuguesa por uma vida com futuro e um País melhor.

Um Congresso que se caracteriza pela participação de centenas de militantes e amigos que, pela primeira vez, tomaram parte na construção deste que é sempre um momento alto da vida da nossa prestigiada JCP.

Muitos, pelas particularidades das organizações juvenis, chegaram há muito pouco tempo.

Bastantes foram os principais dinamizadores da recente luta nas escolas secundárias que trouxeram milhares de estudantes do ensino básico e secundário para o combate e para as ruas.

Outros, e são muitos, são os que em situações muito difíceis, lutam nas suas empresas e locais de trabalho, reforçam o movimento sindical de classe, e se empenharam na mobilização da luta da juventude trabalhadora, como aquela que se realizou no passado dia 28 de Março.

Um numeroso conjunto esteve a organizar e a mobilizar os estudantes do ensino superior que justamente voltaram às ruas no passado dia 2 de Abril, contribuindo para o alargamento da frente social de luta.

Um Congresso, portanto, construído em estreita ligação à juventude, às suas reivindicações, preocupações, anseios, à sua luta.

Luta de que o País não pode prescindir, particularmente num momento em que o nosso povo, os jovens são atingidos por uma brutal ofensiva contra as suas condições de vida e os seus direitos.

Uma ofensiva conduzida por um Governo que tem como principal desígnio o empobrecimento dos trabalhadores e do povo e o prosseguimento da política de centralização e concentração da riqueza nas mãos do grande capital e de uma dúzia de famílias!

Há quem afirme que a juventude não quer saber do destino do seu País, dos seus problemas, da sua vida colectiva, que está alheada das questões da sociedade. Nada mais errado.

Este Congresso e as lutas da juventude são bem a negação de tais teses e a demonstração da sua elevada consciência política e social e uma demonstração da dedicação e generosidade com que abraçam a defesa dos seus interesses colectivos, do nosso povo e do País.

A mesma generosidade e a mesma consciência que levou os jovens da geração de há 40 anos atrás, a dar o primeiro passo no caminho da libertação do país de uma odiosa ditadura fascista, quando saíram dos quartéis naquela madrugada de 25 de Abril, para depois a ação e luta dos trabalhadores e do nosso povo transformarem em Revolução.

Essa Revolução, em que nenhum dos delegados presentes era nascido, protagonizada pelos vossos pais e avós que produziu profundas transformações revolucionárias na sociedade portuguesa que se traduziram em importantes conquistas económicas, sociais, políticas e culturais dos trabalhadores e do povo português.

Uma Revolução que foi muito longe não apenas na transformação da realidade portuguesa no plano objectivo, foi também no plano subjetivo. A ação das massas em movimento transformou a realidade, mas também comportamentos, mentalidades, a forma de ver o mundo e a própria sociedade.

Um tempo novo de realizações que deixaram marcas profundas na nossa vivência colectiva ou, como dizia o camarada Álvaro Cunhal, a Revolução Portuguesa “foi uma revolução libertadora, com tão profunda transformação da vida nacional que se pode considerar um dos momentos mais altos da vida e da história do povo português e de Portugal”.

Grandes transformações e grandes conquistas, muitas das quais são hoje assimiladas como naturais, como sejam o vasto conjunto de direitos, liberdades e garantias: o direito à vida, à integridade moral e física das pessoas que o fascismo punha em causa; a proibição total da tortura, dos tratos ou penas cruéis, degradantes ou desumanas, que eram uma prática constante da política da ditadura; a liberdade pessoal, a liberdade de expressão e informação, a liberdade de imprensa; as liberdades de consciência, religião e culto, de criação cultural, de aprender e ensinar, de reunião, manifestação e associação que eram inexistentes no regime de Salazar e Caetano.

Grandes e profundas transformações que conduziram à liquidação dos monopólios e do seu domínio nos sectores chave da economia nacional; à realização da Reforma Agrária, entregando a terra a quem a trabalhava para a pôr a produzir, ao fim da guerra colonial que dizimou e estropiou milhares de jovens; ao reconhecimento de um vasto conjunto de direitos a favor dos trabalhadores, no plano dos salários, no direito ao trabalho com direitos; na concretização de direitos sociais fundamentais do povo à saúde, à educação, à segurança social, à cultura.

Revolução que, neste ano de 2014, os trabalhadores e o povo português estão já a comemorar de forma muito especial, mas também o PCP, como grande partido de Abril que é.

Partido de Abril não apenas pelo contributo que deu para a luta de resistência antifascista, nas batalhas pelo avanço da Revolução, pela defesa e concretização do regime democrático, mas também por que é o grande Partido que assume e tem como referência a plenitude dos seus valores e deles parte para a construção do projeto de uma sociedade amplamente democrática, como aquela que o PCP propõe ao País e que está traduzida no seu Programa – o programa para uma Democracia Avançada – uma democracia simultaneamente política, económica, social e cultural, e que no seu desenvolvimento visa a construção de uma sociedade socialista.

Quando assumimos nas nossas próprias ações comemorativas do 25 de Abril o lema “Os Valores de Abril no Futuro de Portugal ” não é um mero slogan, para soar bem ao ouvido. É muito mais do que isso!

Estamos a falar dos grandes princípios e de concepções orientadoras para a construção de uma sociedade mais justa, mais democrática, mais progressista, mas também de realidades concretas, conquistas, transformações, de ação e luta transformadora do povo de onde emanam valores que permanecem como fonte inspiradora para realizações futuras.

Quando, por exemplo, afirmamos que o desenvolvimento económico deve ter como objectivo a melhoria da qualidade do nível de vida dos portugueses, o pleno emprego, uma justa e equilibrada repartição da riqueza nacional, podemos dizer que isto é valor de Abril.

Quando dizemos que o Estado deve responder aos interesses e necessidades do povo e do país, em oposição à concepção do Estado que temos, feito instrumento do capital para perpetuar a exploração capitalista, estamos a falar de um valor de Abril, de um Estado ao serviço do povo!

Quando lutamos pela efetivação das políticas e medidas de valorização do trabalho e dos trabalhadores, pelo direito ao trabalho com direitos e fazemos frente à política da “Lei da selva” que a política de direita vêm impondo, estamos a lutar pelos valores de Abril.

Quando no nosso projeto defendemos uma Escola Pública gratuita e de qualidade para garantir o direito de todos ao acesso à educação em todos os níveis, é de um valor de Abril que estamos a falar!
Quando lutamos contra as políticas de regressão social e extorsão do Governo PSD/CDS, que visam aprofundar a exploração e roubar direitos, estamos a lutar por Abril, porque a Revolução de Abril é a Revolução dos direitos universais ao trabalho, à saúde, à educação, à habitação, à proteção social!

Quando afirmamos que a independência e a soberania nacional não se vendem, nem se trocam, que o do direito do povo português decidir do seu destino é inviolável, estamos a falar de um valor de Abril.

Quando falamos de luta pela paz e amizade entre todos os povos e nações, contra as agressões do imperialismo no mundo, estamos a falar de um valor de Abril.

Muitas das conquistas da Revolução foram destruídas ou mutiladas num longo e paulatino processo conduzido por sucessivos governos do PS e do PSD com a participação do CDS nos últimos 37 anos, mas se liquidaram essas realidades concretas, não conseguiram liquidar muitas coisas que precisamos de continuar a defender, como não conseguiram, nem conseguirão fazer morrer o sonho de ver retomados os caminhos de Abril e da concretização dos seus valores de liberdade, democracia, emancipação social, desenvolvimento e independência nacional e pelo porvir de uma nova sociedade.
Valores de Abril que, embora abafados, estão na consciência de muitos jovens, mesmo que eles não lhes deem esse nome!

Por isso comemoramos os 40 anos de Abril pelo que Abril significou e significava no presente, mas também pelo que significará como projeto para o futuro de Portugal!

“Avante com Abril. Organizar, Lutar, Transformar” é a grande consigna deste Congresso. Ela é sem dúvida uma expressão de confiança na atualidade dos valores de Abril, mas também no presente e futuro da juventude e acima de tudo é uma afirmação determinada dos jovens comunistas do seu compromisso em intensificar e alargar a luta juvenil e de reforçar o seu Partido – o Partido de Abril e que luta por Abril!

Somos um Partido com uma longa história e com a consciência da nossa própria razão de ser, com a convicção dos nossos ideais e objectivos, com orgulho do nosso passado de luta ao serviço dos trabalhadores, do povo e de Portugal.

Partido com uma história que se confunde com a luta do nosso povo, mas um Partido virado para o presente e com olhos postos no futuro, porque somos igualmente o Partido da Juventude. E se alguém duvida do futuro deste Partido, devia pôr os olhos neste Congresso e ver o pulsar da JCP, dos jovens comunistas que, estamos certos, continuarão este Partido levantando bem alto a bandeira do combate por uma sociedade liberta da exploração do homem pelo homem!

Realizamos o nosso Congresso quando o país vive um dos mais graves e dolorosos períodos da sua longa história e está sob uma inaceitável intervenção externa, imposta pela troika nacional do PS, PSD e CDS que agride a sua soberania, o empurra para o abismo e empobrece o nosso povo.

Uma intervenção que dizem estar a chegar ao fim e que Portugal se vai libertar do que eles dizem ser uma situação de protetorado, mas trata-se de mais uma mistificação, da venda de uma pura ilusão.

A intervenção estrangeira e a política de extorsão e domínio neocolonial, imposto pelo grande capital e pelo diretório das grandes potências da União Europeia, vai continuar por outros meios e com outros instrumentos!

Esta intromissão e este domínio só terminarão quando os portugueses correrem com este governo, isolarem a política de direita e garantirem as condições para a concretização de um governo com uma política patriótica e de esquerda.

Por isso, nos continuamos a bater pela demissão do atual governo e pela realização de eleições antecipadas para travar a ofensiva que aí está e abrir espaço e caminho a uma alternativa que não pode ser a alternativa do “vira o disco e toca o mesmo”, do entra PSD, sai PS, sai PSD, entra PS, com a muleta do CDS!

Por isso é tão importante a luta e a denúncia que travamos contra a política de direita! Por isso é tão importante o reforço da JCP e do Partido em todos os planos.

São hoje muito visíveis as nefastas consequências sociais das políticas do governo do PSD/CDS e das forças do Pacto de Agressão na vida do nosso povo e nos jovens em particular.

Foram mais três anos de consequências trágicas. O seu balanço é de uma violência brutal: roubo dos direitos e de salários; roubo do direito a uma vida digna, brutal aumento do desemprego e da chaga social da precariedade, emigração forçada, milhares de estudantes afastados do ensino superior, alterações profundas nas escolas do ensino básico e secundário com um exponencial crescimento das vertentes profissionalizantes do ensino, milhares de jovens empurrados para a desesperança.

Problemas que estiveram aqui bem presentes, como sejam os do sistema de educação dual que está a ser imposto à juventude portuguesa em todos os níveis e que está a conduzir à elitização do acesso ao conhecimento.

De um sistema que correspondendo às necessidades do sistema capitalista de mão-de-obra barata, tem vindo a ver aprofundada a clivagem entre o ensino «geral» e o profissional. Um regresso a um passado longínquo a fazer lembrar os tempos do fascismo, dos liceus para os jovens da elite e as escolas técnicas para os filhos dos trabalhadores.

Os problemas dos estágios que são cada vez mais tratados como uma forma de ocupação, com os jovens portugueses a serem usados, também por esta via, como mão-de-obra barata quando não mesmo gratuita.

Aqui foram debatidos os problemas do emprego e do desemprego juvenil. Um gravíssimo problema que se tem agudizado com o aprofundamento da política de direita.

Ainda agora foram divulgados os dados relativamente a Fevereiro que dão conta de uma subida da taxa de desemprego jovem para 35%. Uma taxa tomada em sentido restrito!

Um problema que se amplia alastrando como uma praga, se tivermos em conta que entre os «empregados» estão maioritariamente jovens que têm vínculo precário, que têm um horário de trabalho tão desregulado que lhes impede qualquer vida pessoal estruturada e que têm um salário tão baixo que não lhes chega para viverem sem auxílio de outrem.

Aquilo a que continuamos a assistir é à saída massiva de milhares e milhares de portugueses para o estrangeiro, em especial jovens!

Temos já hoje meio milhão de jovens que não estudam, não trabalham. São jovens desempregados.
Os trabalhadores, as novas gerações, não podem ser peças descartáveis na engrenagem da exploração e do lucro. Os jovens têm direito a organizar a sua vida própria.

Têm direito à independência e a constituir família em condições mínimas de estabilidade e segurança.
Isso é posto em causa todos os dias e dificultado pela precariedade das relações de trabalho, mas também pela degradação dos salários, pelo sistemático ataque aos seus direitos.

É por tudo isto que precisamos de intensificar a luta pela alternativa, aprofundando a nossa ligação à juventude, transmitindo e integrando no seu quotidiano a perspectiva que a sociedade em que vivemos é marcada por interesses antagónicos que se confrontam e que nessa luta se impõe tomar partido do lado certo, do lado dos que agem e lutam por um rumo diferente para o País, pela concretização de uma política alternativa, patriótica e de esquerda.

Precisamos de ganhar mais e mais jovens, e transmitir e dar confiança de que é possível mudar, que não há soluções que se imponham para todo o sempre contra a vontade dos povos, que é possível unindo a luta da juventude e do nosso povo não apenas recuperar o que tem sido roubado, mas construir um Portugal com futuro.

Acompanhando no terreno, os principais problemas da Juventude, mas também as suas dinâmicas, expressões e anseios, a JCP e o PCP, têm levado à Assembleia da República, através do nosso Grupo Parlamentar, as propostas e as verdadeiras preocupações da juventude.

Assim, têm apresentado um volumoso número de requerimentos ao governo sobre problemas que percorrem as escolas do país, as empresas e fábricas, a limitação dos direitos democráticos a que todos temos vindo a assistir.

Propostas que assentam na valorização e defesa da Escola Pública.

No mundo do trabalho, sublinhamos as propostas de aumento do salário mínimo nacional, a reconversão dos recibos verdes em contratos efetivos de trabalho, a conversão dos vínculos precários na Administração Pública por vínculo por tempo indeterminado e a adopção de critérios que alarguem a atribuição dos subsídios de desemprego e subsídio social de desemprego!

Exemplos que expressam a ligação entre a ação institucional do Partido e a luta dos jovens trabalhadores, dos jovens estudantes, das jovens mulheres, duma forma verdadeira e empenhada, apoiada e indissociável da dialéctica entre a ação institucional e a ação de massas.

Ligação que é preciso continuar e aprofundar.

Temos aí à porta a batalha das eleições para o Parlamento Europeu. Uma batalha importantíssima batalha na defesa dos interesses nacionais, por uma outra Europa dos trabalhadores e dos povos.
Uma batalha que pode contribuir para apressar a derrota do governo do PSD/CDS e abrir caminho a uma alternativa.

Uma importantíssima batalha que não pode prescindir do contributo da juventude e, em primeiro lugar, do esforço, da dedicação e do empenhamento dos jovens comunistas na realização de numa grande campanha eleitoral a partir já deste Congresso que pode e deve ser o grande momento de arranque para essa campanha que precisamos dirigida à juventude.

Uma grande campanha de mobilização para o contacto, para que o próximo dia 25 de Maio, seja o dia em que a luta vai ao voto. O dia em que a luta pela Escola Pública vai ao voto! A luta pelo direito em emprego vai ao voto! A luta contra a precariedade vai ao voto! Um voto para reforçar também a própria luta que se segue e não pára!

Precisamos, para isso de fazer uma grande campanha. Uma campanha que afirme o voto na CDU e seu reforço da votação e de deputados como a mais decisiva contribuição para romper com as principais opções e políticas que estão na origem da crise no nosso País e também na União Europeia. Temos a verdade do nosso lado!

Somos uma força que no tempo certo alertou para a natureza e para as consequências das linhas orientadoras da política de direita e da integração capitalista.

Uma força que quando confrontada com a campanha do celestial processo de integração na CEE/UE chamou a atenção para a destruição do nosso sector produtivo e do endividamento que dele iria resultar.

Uma força que antes da entrada de Portugal no Euro chamou a atenção para o projeto de domínio dos mais fortes sobre os mais fracos que ele significaria.

Uma força e um Partido que, quando quase todos se congratulavam com a assinatura do Tratado de Lisboa, afirmou que ele iria acentuar ainda mais a concentração de poder económico e político num diretório de potências liderado pela Alemanha e a políticas de autêntica colonização económica e política.

Somos o Partido que alertou para a gravidade da assinatura do chamado Tratado Orçamental, aprovado nas costas e às escondidas do povo, alertando para o reforçado colete-de-forças que este significaria para Portugal e para o seu desenvolvimento.

A realidade aí está a dar razão ao PCP e à CDU. Fruto destes anos de política de direita e de 28 anos de integração capitalista Portugal vive hoje um dos períodos mais negros da sua existência.

Venderam-nos durante anos a União Europeia como um paraíso económico.

O que temos hoje? Regressão económica, alienação do património do Estado, entrega ao grande capital e ao capital estrangeiro de sectores de importância estratégica para o país, défices estruturais insustentáveis, uma dívida impagável que só nos últimos três anos aumentou em 51 mil milhões de Euros.

Andaram durante anos a anunciar Portugal no pelotão da frente, a acenar com a cenoura da participação no clube dos ricos da Europa.

O que temos hoje? Divergência acentuada relativamente aos países mais ricos da Europa.

Fizeram-se lindos discursos sobre a coesão social e a solidariedade e o que nos mostra a realidade? Um País com os salários mais baixos da zona Euro, um ataque brutal aos direitos laborais e sociais do nosso povo, quase 3 milhões de cidadãos empurrados para a pobreza, degradação e enceramento de serviços públicos, milhão e meio de desempregados.

É esta a amarga realidade que dá, de facto, razão ao PCP e à CDU!

Uma realidade que nos coloca uma exigência ainda maior para inverter este rumo, para efetivar uma real mudança da situação em que nos encontramos.

Falam muito em crescimento mas logo vêm falar da chamada competitividade, ou seja mais privatizações, flexibilização das relações laborais e retirada de direitos.

O que ambos defendem é uma União Europeia que mantenha a sua matriz neoliberal agora aprofundada com o Tratado Orçamental e as suas regras de regressão social que formata a agenda comum dos partidos da direita e da social-democracia.

O que têm para oferecer é a União Europeia dos grandes grupos económicos e da centralização da riqueza à custa da exploração e da liquidação da soberania dos povos sobre o seu destino.

É por isso que a nossa candidatura – a candidatura da CDU – é de facto a única candidatura verdadeiramente alternativa ao atual rumo, seja para Portugal, seja para a Europa.

Porque o voto na CDU é aquele que garante que em Bruxelas irão estar deputados coerentes, sérios, trabalhadores, intransigentes defensores dos interesses do povo e do país.

Porque o voto na CDU é aquele que pode dar a resposta adequada à pergunta que tantos fazem de para onde vai Portugal.

É importante passar esta mensagem: O voto é uma forma de luta, é um poder que cada um tem para alterar a situação. Por isso dizemos que dar mais força à CDU no dia 25 de Maio é dar mais força ao nosso povo para que de forma soberana, livre e democrática possa decidir dos destinos do seu País.
Dar mais força à CDU é afirmar que com a força do povo, é possível um Portugal com futuro, numa Europa dos trabalhadores e dos povos.

O vosso Congresso, sendo um momento de particular importância na vida, na luta e na história dos jovens comunistas portugueses, um grande acontecimento nacional, é simultaneamente um momento de afirmação do internacionalismo que caracteriza a política dos comunistas.

Gostaria por isso de saudar calorosamente as delegações de juventudes comunistas e organizações progressistas que com a sua presença enriquecem e inundam de solidariedade internacionalista este vosso congresso.

Uma saudação que estendemos de forma particular à Federação da Mundial da Juventude Democrática e à sua representação neste Congresso, expressando o nosso apoio à atividade e ao fortalecimento desta importante organização anti-imperialista mundial da juventude.

A todos queremos confirmar a determinação do PCP em prosseguir a luta em Portugal pela defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo, em defesa dos valores da nossa Revolução de Abril, pelo futuro de um País justo, soberano e independente, por uma democracia avançada, pela construção do socialismo em Portugal, rumo ao comunismo.

Uma luta que travamos no nosso País mas que sabemos intimamente ligada à luta emancipadora dos povos que por todo o mundo enfrenta grandes desafios e exigências num quadro de grande instabilidade e incerteza.

Luta emancipadora que se intensifica nos mais variados países do mundo no quadro de um rápido aprofundamento da crise estrutural do sistema capitalista.

Muitos de vós não viveram ou não se recordam do tempo dos discursos triunfalistas do capitalismo de há mais de vinte de anos atrás. Mas é importante que os conheçam. Nessa altura vivíamos o tempo de um pesado retrocesso na luta dos comunistas, dos trabalhadores e dos povos. O tempo do fim da União Soviética e das derrotas das experiências de construção do socialismo. O tempo do dogma capitalista.

Diziam-nos então que o capitalismo era o fim da história e que a partir de então a Humanidade viveria um período de abundância, de paz e de justiça. O capitalismo seria o vencedor absoluto, a luta de classes tinha acabado, deixava de fazer sentido, e por consequência os Partidos Comunistas e o seu ideal comunista estavam condenados à extinção.

Na altura, alvos de uma violenta ofensiva ideológica, o nosso Partido e a JCP afirmaram bem alto que não era assim.

Que a História estava longe de estar terminada, que a luta de classes era o motor da transformação, que o ideal comunista continuava vivo, que o capitalismo não era a solução para os problemas da Humanidade e que este Partido, com a JCP, iriam continuar a luta por mais difícil que ela se nos apresentasse.

Hoje, a realidade aí está a dar razão a todos os que como nós não claudicaram, não viraram as costas às dificuldades, não renunciaram à luta, não abandonaram princípios e a sua ideologia - o marxismo-leninismo -, souberam entender a importância da organização revolucionária e da sua ligação às massas e afirmaram que o Socialismo continuava a ser a alternativa de fundo a um capitalismo cada vez mais explorador, agressivo, predador e opressor.

A crise do capitalismo aí está pondo em evidência as profundas contradições e limites históricos do capitalismo.

Aí está a provar que a extensão à escala planetária do sistema de exploração capitalista não só não resolveu como aprofundou essas contradições e agravou os problemas dos trabalhadores e dos povos e da Humanidade.

A resposta imperialista à crise demonstra como as classes dominantes não têm nada a oferecer que não arrastar o mundo para uma regressão de dimensão civilizacional ao mesmo tempo que impõem níveis cada vez maiores de desigualdade e acentuam a vertente agressiva e militarista da sua ação de domínio.

Os tempos são de particular exigência, complexidade e importância para a luta emancipadora dos trabalhadores e dos povos.

Um mundo em mudança é percorrido por uma violenta ofensiva imperialista em que o grande capital usa de todos os meios para tentar manter o seu poder e lucros.

Tentam no plano político concentrar cada vez mais o poder em centros de decisão alheados e resguardados da participação e da contestação popular. A democracia e o direito internacional são atacados e espezinhados, promovem-se políticas abertamente reacionárias e de imposição colonial dos mais fortes sobre os mais fracos.

E as consequências aí estão, com o ressurgimento de fenómenos de racismo, de xenofobia, de nacionalismos reaccionário que abrem campo e servem de lastro ao crescimento de forças de extrema-direita, fascistas e neonazis, que como o caso da Ucrânia demonstra, à saciedade são utilizadas pelo grande capital e pelas grandes potências para atingirem os seus intentos de recolonização mundial. A par de uma guerra sem quartel contra os direitos sociais e económicos e contra a democracia, o militarismo, a guerra e as manobras de ingerência e desestabilização são cada vez mais utilizados para manter e, se possível, reforçar o domínio imperialista sobre recursos, mercados e posições geoestratégicas ou ainda para tentar conter processos progressistas e de afirmação soberana dos povos como é o caso da revolução bolivariana na Venezuela, e em geral da América Latina, onde Cuba socialista continua a afirmar-se como um exemplo de resistência e de coerência.

Será, como sempre foi, a luta a determinar o presente e o futuro. Será a luta, a de resistência e de avanço, por pequenas e grandes transformações de sentido anti-imperialista e antimonopolista, que trilhará os caminhos da emancipação social, da superação revolucionária do capitalismo e da construção do socialismo.

E por isso, queremos desta tribuna enviar, por intermédio dos representantes das organizações de juventude comunistas, revolucionárias e progressistas, a nossa profunda solidariedade para com as lutas que a juventude, essa força plena de energia, coragem e criatividade, trava nos vossos países.
Solidariedade que fazemos acompanhar do compromisso do PCP de que tudo faremos ao nosso alcance para contribuir para o fortalecimento do movimento comunista e revolucionário internacional bem como da frente anti-imperialista, factores essenciais para travar em melhores condições a intensa luta de classes em que vivemos.

Aos convidados estrangeiros e a todos vós quero-vos assegurar de que podem contar com este Partido Comunista Português na luta pela construção de um mundo mais justo, democrático e desenvolvido. Um mundo de paz e cooperação, livre da exploração e opressão capitalistas, um mundo pelo qual lutamos todos os dias, vivendo e agindo para, como bem diz um dos lemas da JCP, transformar o sonho em vida.

A juventude portuguesa e a luta do nosso povo precisam de uma JCP forte e interventiva em todas as frentes onde a defesa dos interesses dos jovens o exigem. Precisamos de mais e melhor organização.
Sem ela a intervenção dos comunistas seria apenas um somatório de vontades individuais, genuínas sem dúvida, mas de alcance limitado.

A organização e o trabalho colectivo é que permitem que se vá mais longe, tornando mais eficaz a nossa intervenção no seio da sociedade e trazer para o combate e a militância na JCP mais e mais jovens.

Sabemos que a JCP trabalha nessa direção, tal como sabemos quanto são enormes as potencialidades de crescimento da própria JCP, como o demonstra o facto de cerca de 1000 estudantes do ensino básico e secundário desde Janeiro e a partir de um postal de afirmação política da JCP, terem decidido dar o seu contacto e muitos deles vieram militar nas fileiras da JCP, juntando-se aos cerca de 700 novos recrutamentos efectuados entre Julho de 2013 e Março deste ano.
Nós temos confiança no vosso trabalho.

Sabemos que não pode ser apenas um trabalho vosso é também uma obrigação de todo o Partido, desde logo na imprescindível tarefa de contribuir para o reforço da própria JCP, apoiando, no quadro da sua autonomia, a sua iniciativa, o que pressupõe um maior conhecimento da sua ação e dinâmica, porque o sucesso da JCP será a garantia do sucesso do próprio Partido, do seu projeto e ideal junto da juventude.

Aplaudiram, votaram, aprovaram decisões e orientações que constituem ferramentas para trabalhar! Falta só uma coisa: fazer! Não esquecendo nunca, aquela lição e ensinamento que aprendemos na nossa vida e na nossa história.

Partir das coisas concretas, dos problemas concretos, das aspirações concretas da juventude e agir e intervir a partir deles, será a chave para libertar energias, elevar consciências, trazer à luta esse destacamento avançado da transformação social – o movimento juvenil, força que se costuma dizer, ser a força do futuro mas a quem se apela a que seja força do presente, numa luta que é para hoje!

Quanto mais força tiver a JCP, mais se encurtará a distância entre a realidade e o sonho que perseguimos de pôr fim à exploração do homem por outro homem, de materializar a afirmação do camarada Álvaro Cunhal de «transformar o sonho em vida!» e alcançar o nosso objectivo supremo pelo socialismo e o comunismo!

Adiante!

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