Com o anúncio da realização nos próximos
dias de entrevistas com o 1º Ministro e com o Secretário- geral do PS a
iniciarem-se na próxima 4ª feira, excluindo todas as outras forças políticas e
optando pelos representantes dos principais partidos da política de direita, a
RTP retoma uma iniciativa que chegou a estar prevista para o período da
campanha eleitoral e que havia sido justamente impedida por parte da Comissão
Nacional de Eleições, constituindo mais um inaceitável ato de
instrumentalização da RTP ao serviço da discriminação e do silenciamento
daqueles que, como o PCP, combatem a política de desastre nacional que está em
curso.
Refugiando-se nos chamados critérios
editoriais, a RTP não só viola grosseiramente as obrigações de isenção e
pluralismo a que qualquer órgão de comunicação social nos termos da
Constituição da República está vinculado, mas também, as que decorrem do
serviço público de televisão a que o povo português tem direito. Se há aspecto
que deva ser sublinhado nestas duas entrevistas que estão anunciadas não é o
figurino pretensamente “inovador” com perguntas a lançar pela assistência, mas
a deliberada exclusão de outras forças políticas, designadamente do PCP.
Percebe-se melhor agora a campanha
desenvolvida durante o período eleitoral face à posição da Comissão Nacional de
Eleições que impediu a realização de uma entrevista semelhante em claro
confronto com a Lei. Uma campanha que teve o seu momento mais grave com as
declarações do Presidente da República que apontou para a necessidade de
alterar a Lei Eleitoral, no sentido de permitir o livre arbítrio e a ausência
de qualquer escrutínio democrático sobre o papel dos órgãos de comunicação
social em período eleitoral.
Para o PCP não cabe à RTP decidir “quem
governa” ou quem “está na primeira linha da sucessão da Governação” como
grosseiramente definiu o diretor de informação da estação pública de televisão.
Num momento em que cresce o isolamento e a exigência de demissão do Governo
PSD/CDS, num momento em que se reduz a base social de apoio aos partidos que
suportam a intervenção da Troika e que são responsáveis pela destruição de
direitos e pela degradação das condições de vida da população, num momento em
que se alarga a consciência de que é necessária uma ruptura com a política de
direita, de que é preciso uma outra política patriótica e de esquerda, estas
tentativas de condicionar a opinião de milhões de portugueses constitui um
frete aos interesses dos grupos económicos e financeiros, e um ataque à vida
democrática do país.
Perante esta situação o PCP anuncia que
não só apresentará o seu veemente protesto à Entidade Reguladora para a
Comunicação Social que deverá agir com celeridade impondo uma entrevista em
formato idêntico com a presença do Secretário-geral do PCP, como realizará ações
de protesto, a começar com uma concentração junto ao local onde irá decorrer a
entrevista com Passos Coelho, já na próxima quarta-feira.
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