Foi ontem aprovado, com os votos
favoráveis do PSD, do PS e do CDS, o relatório sobre "uma agenda para
pensões adequadas, seguras e sustentáveis", realizado na sequência do
Livro Branco da Comissão Europeia, o qual incide sobretudo em duas áreas de intervenção
da UE relativas às questões das pensões: o Semestre Europeu (implementação das
recomendações específicas por país sobre as reformas das pensões) e o
fortalecimento do mercado interno das pensões (terceiro pilar).
A serem implementadas as posições
da maioria do PE seria desferido um golpe brutal no regime público, solidário e
universal da Segurança Social.
São
claros os verdadeiros objectivos deste relatório:
- aumentar a idade da reforma, roubando a cada homem e a cada mulher, ao fim de uma vida de trabalho e sacrifício, uma parcela de tempo precioso que lhe permitiria ainda viver uma vida tão plena quanto possível;
- diminuir os contributos do patronato para os sistemas de segurança social públicos e apoiar o negócio dos planos de poupança para a reforma, vendidos pelos bancos, e com os quais estes lucram milhões. Trata-se sim de transformar os sistemas públicos de pensões, universais e solidários em sistemas privados a que só têm acesso aqueles que têm capacidade económica para comprar produtos financeiros. Seguramente este não é o caminho para tornar o sistema de pensões mais sustentável!
A Troika – que a Comissão Europeia
integra – apoia a recente decisão do Governo Português de aumentar a idade da
reforma de 65 para 66 anos e tem apoiado a diminuição do contributo do
patronato para os sistemas de segurança social (TSU). É esta a orientação
política aprovada hoje no Parlamento Europeu.
Durante a discussão deste relatório
na Comissão do Emprego e Assuntos Sociais do Parlamento Europeu, o PCP apresentou
várias propostas de alteração, das quais destacamos:
- supressão de todas as referências ao aumento da idade da reforma;
- necessidade de reformas progressivas através da adopção de novas formas e fontes de financiamento dos regimes legais de reforma, alargando as quotizações sociais a todos os rendimentos financeiros e aplicando reformas fiscais que obriguem a que quem tenha maiores rendimentos e lucros contribua de forma mais decisiva para os sistemas de segurança social públicos.
Lamentavelmente
todas as nossas propostas foram rejeitadas.
O caminho que defendemos é o da
luta pela preservação e aprofundamento dos direitos em matéria de idade legal
de reforma e do conjunto dos direitos que a Constituição da República consagra
em matéria de segurança social, direitos sustentados em políticas de aumento do
emprego e de melhores salários e em adequadas políticas de receitas através da
diversificação das suas fontes de financiamento, em que se destaca o aumento da
eficácia do combate à evasão e à fraude fiscais. O problema da sustentabilidade
do sistema de pensões não reside na questão demográfica, mas antes na injusta
distribuição da riqueza e rendimentos.
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