Intervenção
de Rogério da Palma Rodrigues - 21 de maio de 2013 – Fortaleza de São Filipe
AMIGOS,
COMPANHEIROS E CAMARADAS
Apenas algumas palavras, essencialmente para vos
exprimir a alegria que me causa e a honra que sinto por poder partilhar
convosco este início de uma longa jornada.
Alegria e honra porque a CDU tem um passado
edificante e olha o futuro com realismo, sabendo como sabe avaliar a violência
e a trama da luta de classes, mas sabendo também que a sua visão da sociedade
do futuro se insere no devir histórico donde estão ausentes a exploração e a
opressão.
Esta que temos pela frente é uma jornada nada
fácil, tal como tudo o que respeita, nestes funestos tempos que passam, à vida
da esmagadora maioria dos nossos concidadãos.
Mas essa é, também, a razão maior do nosso
empenhamento nesta luta, por sentirmos que tudo o que estiver ao nosso alcance
terá de ser feito para pôr fim ao processo político degradante e de lesa
pátria, prosseguido por governantes neoliberais, netos ideológicos do ultra
conservador Otto Bismarck, serventuários do grande capital financeiro,
apostados em não deixar pedra sobre pedra, num país donde tentam expulsar
grande parte do seu povo.
Apostados em ”fazerem um deserto e chamarem-lhe
paz...” como diria Públio Cornélio Tácito. Tal como tantas vezes dissemos antes
e sempre repetiremos:
- Não passarão!
Todos podemos, todos devemos, integrar-nos no
processo histórico. Porque toda a participação, só por si, é já uma obra que
juntando-se a muitas outras pode resultar numa epopeia.
Mas o individualismo não é o caminho. Temos de
juntar esforços e lutar cada vez MAIS, com competência, honestamente, com
perseverança pelo bem comum.
Essa é a
matriz da CDU, esse é o nosso padrão.
Nos tempos execráveis que vivemos, tem o poder
local democrático o dever de mitigar os sofrimentos, na plena consciência de
que o lenitivo não altera o rumo da história, pelo que muito mais tem de ser
feito para ir às primeiras causas, à origem do mal e extirpá-lo.
Porque estes tempos que vivemos, todo o mal que
arrastam, todo o sofrimento que provocam, não são uma fatalidade, não são o
nosso destino.!!
Todo este cenário dantesco que é o Portugal de
hoje, se pode transformar através da realização de uma política patriótica e de
esquerda que, junto a um número crescente de compatriotas esclarecidos, estamos
dispostos a protagonizar.
E este pensamento é válido e realizável a
qualquer nível, nacional, regional ou local.
Tudo depende de quem detém o poder, de como o
usa, em proveito de quem no usa.
Trabalho, honestidade, competência são apanágio
da CDU.
Somos pelo Trabalho, somos o partido dos
trabalhadores, sabemos que é vital para o país, para a região, para cada
família, para cada pessoa, produzir riqueza.
E a CDU, nos territórios que gere, tem sido
exemplar. Em Setúbal, basta cotejar o Programa com que se candidatou em 2009
com o realizado, para reparar que em muitos sectores ele foi ultrapassado. O
que a Câmara realizou durante o mandato nos campos da Educação, da Cultura, do
Planeamento Urbano e Ordenamento do Território, no “empowerment” das Pessoas, é
digno dos maiores encómios porque significa um verdadeiro Plano Estratégico
para o desenvolvimento participado e sustentável do Município de Setúbal ao
qual é imperativo dar continuidade.
Porém, para além da justa satisfação pelo dever
cumprido, exigimo-nos sempre MAIS, aliás o nosso lema, sinal a um tempo das
necessidades crescentes dos munícipes e da consciência dos autarcas do
gigantismo das tarefas a realizar para lhes dar resposta, satisfazendo a
procura imparável e diversificada duma sociedade viva.
Todavia, uma Autarquia que zela pelo bem-estar
dos seus munícipes, tem, simultaneamente com a melhoria das condições de vida,
de providenciar a suficiência e qualidade dos Serviços Públicos, dos de sua
responsabilidade ou da responsabilidade do Poder Central, exercendo constante
vigilância, que mais não fosse, por razões de proximidade.
É o caso dos Serviços de Saúde, vítimas de uma
ofensiva degradante por via de desorçamentação, extinção, transferência e
concentração de serviços e de capacidade humana instalada, sem paralelo
histórico mas que parece encaminhar-nos de regresso ao longínquo ano de 1900
quando Ricardo Jorge, num gesto pioneiro e muito piedoso, criou os “Serviços de
Saúde e Beneficência Pública” suportados pelo Estado para tratar pobres e
indigentes, sendo o resto da assistência aos endinheirados, prestada em clínica
privada.
E daí a extrema importância de defender um
Serviço Nacional de Saúde universal, geral e gratuito (agora
tendencialmente...) como o conhecemos, que fortaleça a solidariedade e esbata
as desigualdades sociais, uma criação civilizacional que tornou possível aos
humanos furtarem-se à selecção natural...
Serviço Nacional de Saúde que corre sérios riscos
de desvirtuamento e de captura mercantil, malgrado todos, a começar pelo
governo, afirmarem a pés juntos que o adoram e o hão-de defender!
O SNS é hoje, para a vida do Povo Português, o
maior sucesso da Revolução de Abril e para o evidenciar cito só dois
indicadores:
1º -
Mortalidade Infantil em 1975 = 38,9 por mil nados vivos, em 2007 = 3,7 por mil
NV. ( PASSOU PARA UM DÉCIMO 30 ANOS DEPOIS )
2º - Índice de Desenvolvimento Humano em que
Portugal ocupava em 1980 o 114º lugar do ranking com o índice de 0,639,
passando para o 41º lugar em 2011, com o índice de 0,809. ( SUBIU 73 LUGARES )
Note-se que quem hoje ocupa esse degradado 114º
lugar do IDH são os territórios da Palestina ocupados por Israel.
Nos últimos
anos estes indicadores tão positivos têm vindo a piorar.
Temos consciência de que o essencial do SNS só se
defende eficazmente quando convergirem e se articularem a luta dos
profissionais e a dos utentes da saúde. Perante a ofensiva em curso,
justifica-se toda a atenção.
Mas não
basta produzir, é preciso repartir.
Por isso a CDU onde puder assim fará, sendo certo
que no tempo presente garantir trabalho é já um modo de repartir riqueza, justo
ou injusto é outra questão.
Produzir MAIS, repartir MAIS
. Apetece citar Marx e
enunciar o justo princípio da solidariedade:
“De cada qual, segundo a sua
capacidade; a cada qual, segundo as suas necessidades.
Se é verdade que o tempo histórico que vivemos
não nos permite agora pensarmos na criação de uma sociedade igualitária, também
é certo estar já ao nosso alcance uma sociedade mais solidária e mais justa.
Lutemos denodadamente por ela, lutemos, que sem
luta não há vitórias!
AMIGOS, COMPANHEIROS E CAMARADAS
Tomemos o nosso
lugar no comboio da história rumo ao PROGRESSO e à FELICIDADE!
OBRIGADO
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