As notícias que
chegam da Ucrânia confirmam o acerto da avaliação do PCP sobre os
acontecimentos que conduziram ao golpe de Estado de 21-22 de Fevereiro e
evidenciam um quadro de constante e crescente repressão e violação das
liberdades e direitos civis fundamentais, resultante desse golpe, fomentado e
patrocinado pelos EUA, UE e NATO, com a participação determinante de forças
ucranianas de assumido cariz fascista e neonazi.
Neste plano,
assinala-se a extraordinária gravidade da campanha protagonizada pelo poder
ilegítimo contra as forças democráticas, em particular contra o Partido
Comunista da Ucrânia (PCU). Registando inúmeros atos de intimidação e violência
– incluindo agressões físicas e o assassinato brutal de dirigentes e militantes
comunistas – esta campanha tem como objectivo declarado a ilegalização do PCU.
Simultaneamente,
deve sublinhar-se que o lançamento pelo governo de Kiev da criminosa operação
militar que há mais de três meses assola a região ucraniana do Donbass –
operação em que participam ativamente batalhões neofascistas enquadrados no
comando militar e operacional de Kiev - tem já um saldo de muitos milhares de
vítimas civis e refugiados. Esta campanha militar é expressão da natureza antidemocrática
e profundamente reacionária do atual poder golpista e fantoche de Kiev. É
igualmente reveladora das ameaças e sérios perigos para a paz e a segurança
internacionais que advêm da aposta dos círculos mais agressivos do imperialismo
na política do intervencionismo e da guerra. Ganham acrescido fundamento as
inquietações quanto ao caminhar para um conflito militar de grandes proporções,
envolvendo as principais potências nucleares do planeta, com evidentes
consequências dramáticas para a Humanidade.
Nestas circunstâncias, o PCP:
1 - Manifesta a
mais viva indignação perante a alteração pelo Parlamento da Ucrânia do seu
Regulamento, concretizada a 24 de Julho, com o objectivo de dissolver o Grupo
Parlamentar de um partido que recebeu 13,2% dos votos nas últimas eleições
antes do golpe, e denuncia o vergonhoso processo de ilegalização do PCU, aberto
pelo governo no Tribunal Administrativo de Kiev, em violação da própria
Constituição. Reafirma a sua firme condenação da campanha repressiva e
persecutória contra os comunistas ucranianos e as tentativas inaceitáveis de
ilegalizar ou restringir a atividade do PCU, assim como de criminalizar a
ideologia comunista.
2 - Condena o clima
de histeria xenófoba, intimidação e intolerância vigente na Ucrânia (animada
pelas potências imperialistas e com quem o governo português tem feito coro) e
a multiplicação das ameaças e violência exercidas sobre todos aqueles que se
opõem ao poder ilegítimo, reiterando a solidariedade com os comunistas e as
forças democráticas ucranianas que resistem e se erguem em defesa dos seus
direitos, contra a ameaça neofascista e a opressão dos oligarcas e do grande
capital.
3 - Afirma que esta
espiral autoritária é indissociável das consequências profundamente lesivas dos
interesses dos trabalhadores e do povo ucraniano, dos interesses nacionais e da
soberania da Ucrânia, resultantes da assinatura do acordo de Associação e
tratado de livre comércio com a UE, nomeadamente com a aplicação pelas
autoridades de Kiev do gravoso pacote de submissão e austeridade imposto pela
troika dos EUA, FMI e UE. Recorda que foi a recusa do governo de então da
Ucrânia em assinar estes acordos em Novembro de 2013 – por os considerar
lesivos para o país - que constituiu o pretexto formal para a eclosão do
movimento da Maidan e para o derrube da ordem constitucional do Estado
ucraniano. Reitera a solidariedade com os trabalhadores e o povo ucranianos e
com a luta em defesa de uma Ucrânia livre, soberana, democrática e de progresso
social.
4 - Exige o fim
imediato da agressão militar de Kiev contra a população do Donbass e sublinha a
necessidade de iniciar um processo político, sem exigências e condições
prévias, entre as partes envolvidas. Expressa a mais profunda preocupação
perante o agravamento da situação humanitária na Ucrânia e as trágicas
consequências para o povo ucraniano resultantes da operação militar conduzida
pelo poder de Poroshenko e pela oligarquia ucraniana.
5 - Condena
vigorosamente a escalada de uma guerra punitiva que é inseparável da perigosa
agenda ofensiva do imperialismo contra a Federação Russa e que representa uma
seríssima ameaça para a paz na Europa e no mundo. Reiterando as
responsabilidades das grandes potências imperialistas em todo o desenrolar da
crise ucraniana, muito em especial dos EUA e da UE, apela à luta dos
trabalhadores e do povo português, de todos os democratas, em defesa da paz e
contra os gravíssimos perigos de guerra que hoje pairam sobre a Humanidade.
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