1. O PCP condena
veementemente a perigosa escalada das ameaças de guerra contra a Síria por
parte dos governos dos EUA, França e Inglaterra e dos seus aliados na região do
Médio Oriente.
2. A
concretizar-se, uma agressão militar direta das potências imperialistas e da
NATO contra a Síria será, não apenas o corolário da guerra encoberta que há
muito desencadearam contra o povo sírio e contra todos os povos do Médio
Oriente, mas uma aventura de consequências imprevisíveis que ameaça incendiar
toda esta região e para além dela.
3. Uma agressão
militar direta à Síria constituiria um novo salto qualitativo no desrespeito
pelo direito internacional e pela soberania dos povos. O belicismo exacerbado
das potências imperialistas afronta deliberadamente os princípios do direito
internacional consagrados na Carta da ONU – desde logo o repúdio da guerra e o
respeito pela soberania dos Estados - e o sistema das Nações Unidas. A
substituição destes princípios pela lei da força e da guerra é um objectivo
indesmentível, já quase abertamente proclamado pelas potências imperialistas.
4. O PCP,
reafirmando a sua posição de frontal condenação do uso de armas de destruição
em massa, salienta que é impossível ignorar o longo historial de desinformação,
fabricações e mentiras que têm servido de pretexto para as guerras
imperialistas, seja no Afeganistão, no Iraque, na Jugoslávia ou na Líbia. Como
considera ser igualmente impossível ignorar o longo historial de crimes
cometidos por bandos terroristas armados, treinados, financiados e ao serviço
das potências imperialistas - como aqueles que têm executado no terreno a
agressão contra o povo sírio – que têm servido também para a criação de
pretextos e condições que visam facilitar o desencadeamento de agressões
imperialistas diretas.
5. O PCP,
considerando necessário o apuramento cabal dos factos, chama a atenção para a
gravidade de se veicular ou aceitar acriticamente uma campanha de manipulação
de factos que não só carecem de provas cabais – seja quanto à sua natureza,
seja quanto à sua eventual autoria –, como situações anteriores testemunham
serem eles próprios factos criados pelas forças imperialistas. Registem-se as
repetidas declarações do Governo sírio, que nega categoricamente qualquer
ataque com armas químicas e que atribuí aos chamados “rebeldes” a sua
utilização, ou ainda, as declarações de diversas autoridades internacionais
sobre a existência de indícios que atribuem a utilização de armas químicas no
conflito sírio, não ao exército sírio mas aos chamados “rebeldes”.
6. O PCP relembra
que as potências imperialistas que hoje se dizem chocadas com o alegado uso de
armas químicas na Síria têm um longo historial de utilização de armas químicas,
biológicas e mesmo nucleares contra populações civis, incluindo armas cujos efeitos
terríveis se fazem sentir sobre gerações posteriores (como as bombas atómicas
lançadas sobre o Japão, o “agente laranja” que devastou o Vietname ou as armas
com base no urânio empobrecido na destruição da Jugoslávia). É de uma
inaceitável hipocrisia que dirigentes dos EUA, França ou Inglaterra invoquem
este argumento para desencadear mais uma guerra de agressão.
7. O PCP denuncia e
condena o papel desempenhado pelos mais violentos e retrógrados regimes da
região – a Arábia Saudita e o Qatar – na agressão à Síria, na promoção dos mais
bárbaros grupos terroristas do fundamentalismo islâmico e no incitamento ao
conflito sectário em numerosos países da região, bem como na repressão militar
às justas revoltas populares em países como o Bahrain (sede da V Esquadra Naval
dos EUA) e o Iémen.
8. O PCP relembra
as consequências das anteriores guerras imperialistas, muitas delas
desencadeadas invocando pretextos “humanitários”. Centenas de milhares de
mortos, milhões de refugiados, países destruídos, fragmentados e reduzidos ao
caos, onde predominam bandos armados muitas vezes ligados a tráficos sórdidos
de armas, drogas e pessoas, são a realidade actual do Iraque, do Afeganistão,
da Líbia ou do Kosovo. O PCP chama a atenção para o quadro de conflito e de
guerra generalizados que marca hoje a realidade da martirizada região do Médio
Oriente e condena veementemente os atentados terroristas com carros
armadilhados praticados regularmente no Iraque e na Síria e recentemente no
Líbano, bem como os recentes ataques da aviação israelita nos subúrbios de
Beirute. O PCP denuncia e condena igualmente as sucessivas incursões de Israel
nos territórios palestinianos, nomeadamente o recente assassinato de civis
palestinianos pelo exército israelita na Cisjordânia.
9. O PCP não pode deixar
de sublinhar o papel destacado que a social-democracia tem desempenhado na
promoção ativa das mais violentas agressões do imperialismo, confirmado, uma
vez mais, pelas posições do Governo “socialista” francês ou pelas declarações
de responsáveis do PS relativamente à Síria.
10. As verdadeiras
razões das infindáveis agressões militares imperialistas nada têm que ver com
as legítimas aspirações dos povos à liberdade, à soberania, ao progresso social
e económico dos seus países, antes residem no objectivo de recolonizar o
planeta e desde logo essa região fulcral de reservas energéticas que é o Médio
Oriente, bem como assegurar - através da destruição sucessiva dos Estados
soberanos com uma história de resistência à dominação imperialista na região -
a impunidade regional do imperialismo e de Israel e da sua política de
terrorismo de Estado e ocupação da Palestina.
11. O novo surto
belicista do imperialismo é expressão dos perigos que se avolumam com o
aprofundamento da crise estrutural do capitalismo. Perigos que obrigam a
lembrar momentos negros da História mundial em que o sistema capitalista reagiu
à sua crise através do recurso ao fascismo e à guerra. Aos trabalhadores e aos
povos – as principais vítimas do militarismo e da guerra –, às forças revolucionárias
e progressistas coloca-se a necessidade de fazer ouvir a sua voz e de reforçar
uma vasta frente social de resistência à guerra e ao imperialismo. O PCP apela
ao reforço no nosso país da luta pela paz, contra o imperialismo e a guerra,
que é indissociável da luta por uma alternativa patriótica e de esquerda, que
inverta o rumo de desastre nacional e promova uma política externa de paz e
cooperação com todos os povos do mundo.
12. O PCP exige do
Governo português uma postura que não apenas se distancie da atual escalada e
chantagem belicistas, mas que pugne, tal como exige a Constituição da República
Portuguesa, pela resolução pacífica dos conflitos, pela defesa intransigente da
soberania dos povos e pelos princípios consagrados na Carta da ONU e do Direito
Internacional.
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