Neste Dia Nacional
da Água de 2014, o PCP reafirma o princípio de que a água é um direito e, como
tal, não pode ser privada. Só é possível assegurar a todos o acesso à fruição
da água, com a responsabilização do Estado por garantir as funções sociais, ecológicas
e económicas da água, com o reforço do papel das autarquias locais na sua
gestão, condições para uma gestão democrática e participada dos recursos
hídricos.
PS, PSD e CDS têm
conduzido a sua intervenção com o objectivo inverso – o da mercantilização da
água e resíduos, tentando transformar a água em mercadoria, tentando retirar às
populações e ao Poder Local qualquer possibilidade de intervenção democrática
na sua gestão. A aprovação dos estatutos da Entidade Reguladora dos Serviços de
Águas e Resíduos (ERSAR), permite impor em todo o País tarifários para o nível
já praticado por algumas empresas privadas, obriga as Autarquias que não
privatizaram a impor aos munícipes a factura dos negócios alheios,
ultrapassando a autonomia local, estreitando a margem de manobra dos
municípios, pressionando-os a fundir e a verticalizar os sistemas e a alienar a
distribuição «em Baixa».
Privatizar a água
significa - água mais cara, menos acessibilidade à água, menos controlo
democrático. A factura da água contribui para o agravamento das desigualdades
económicas e agravamento da pobreza, visto que representa uma parcela tanto
maior do rendimento quanto este é mais baixo.
No plano da luta de
massas e da luta institucional, o PCP tem estado ao lado das populações e dos
trabalhadores, defendendo que deve estar vedado o acesso de empresas privadas
às atividades económicas de abastecimento público de água, de saneamento de
águas residuais e de gestão de resíduos sólidos urbanos.
Está agendada para
o próximo dia 9 de Outubro a votação, em Plenário da Assembleia da República,
do Projeto de Lei para proteção dos direitos individuais e comuns à água,
proposto por iniciativa legislativa de cidadãos. Mais de 40.000 cidadãos
proponentes que, através desta iniciativa, expressam a vontade e defendem os
direitos e interesses da larguíssima maioria dos portugueses.
O Projeto de Lei
estabelece o direito fundamental à água e ao saneamento e disposições de proteção
desse direito, bem como do direito à água e à sua propriedade pública como
recurso, e à sua gestão no interesse colectivo, hierarquizando as utilizações
da água e impedindo a privatização e a mercantilização dos serviços de águas,
das infraestruturas públicas e do domínio público hídrico.
Esta iniciativa
legislativa de cidadãos constitui uma afirmação dos direitos e dos interesses
de toda a população, no cumprimento dos preceitos da Constituição da República
Portuguesa e para garantir em Portugal a universalidade do direito humano à
água e ao saneamento reconhecido pelas Nações Unidas, que Portugal subscreveu
mas não verteu na legislação nacional nem pratica universalmente no território.
O PCP apela a todos os portugueses para
continuarem a luta em defesa da água pública e a seguir atentamente, apoiar e
exigir a aprovação do Projeto de Lei para proteção dos direitos individuais e
comuns à água, confrontando o sentido de votação que venha a ser tomado por
cada deputado e Grupo Parlamentar.
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