O Comité Central do
PCP, reunido a 19 de Outubro de 2014, analisou a situação económica, social e
política do País, aspectos da situação internacional, avaliou o desenvolvimento
da ação tendo como objectivo a ruptura com a política de direita e a concretização
de uma alternativa patriótica e de esquerda, a intensificação da luta de massas
e o reforço do Partido e definiu as orientações e tarefas para a sua
dinamização.
I - Romper com a política de direita construir a
alternativa política – exigência e imperativo nacionais
Perante um País
cada vez mais desigual, mais injusto, mais dependente e menos soberano,
impõe-se com inadiável premência, romper com a política que o arrastou para a atual
situação. Por mais propaganda, ilusórios indicadores económicos ou prometidas
retomas, o que o País testemunha, em resultado direto de 38 anos de política de
direita e de 28 de integração capitalista europeia, é um percurso que, ao
serviço da reconstituição dos grupos monopolistas e do reforço do seu poder,
conduziu o País para o declínio económico, para um retrocesso social sem
precedentes desde o fascismo e para a alienação de importantes parcelas da
soberania nacional. A dimensão dos problemas existentes exige, não o
aprofundamento ou a continuidade da lógica do domínio do capital monopolista
expondo o País a um sucessão de crises destruidoras, mas sim uma ruptura com a
política de direita e a concretização de uma política patriótica e de esquerda
vinculada aos valores de Abril.
II - Um rumo de desastre económico e social a que
urge pôr termo
1. A política de
exploração e empobrecimento que, invocando a crise PS, PSD e CDS promoveram por
via dos PEC e do Pacto de Agressão, lançou o País no maior período de recessão
e estagnação económica das últimas décadas, liquidou e negou direitos
constitucionalmente consagrados, privou centenas de milhares de portugueses de
concretizarem no seu País o futuro que querem construir, comprometeu o aparelho
produtivo, destruiu capacidade produtiva
nacional na indústria, na agricultura e nas pescas, alienou sectores estratégicos essenciais ao
desenvolvimento, promoveu a reconfiguração do estado ao serviço do capital
monopolista e pôs em causa o regular funcionamento das instituições.
Quatro meses depois
da mentira sobre a “saída limpa” e o “fim do protetorado” a continuidade da
política das troikas, nacional e estrangeira, aí está a justificar novos passos
na exploração, no roubo nos salários e reformas, no ataque aos direitos à
saúde, à educação e à proteção social. Invocando uma política de “contenção
orçamental” e de “controlo do défice” agrava-se a já grande carga fiscal sobre
os trabalhadores e o povo, prossegue o desinvestimento público, o atrofiamento
do mercado interno e a criminosa política de privatizações de que a EGF e as
empresas de transportes são recentes exemplos.
2. Os dados
revelados quanto à evolução do PIB e do défice no 1º semestre (respectivamente
0,9% e 6,5% para uma meta anunciada de 1.2% e 4% para 2014); à execução
orçamental dos primeiros oito meses do ano (onde a par da carga fiscal sobre os
trabalhadores e o povo e dos artifícios contabilísticos se confirma uma
evolução da economia incapaz de responder às necessidades do País); à dívida
pública (de facto, a crescer e acima dos 134% se medida pelos critérios
anteriores à alteração recente do método do seu cálculo); à evolução das
importações e exportações (que, ao contrário do que o Governo previu, registam
um crescimento das importações de bens e serviços que é mais do dobro do ritmo
do das exportações) – não só desmentem a propaganda do Governo como confirmam o
caminho para o agravamento da situação económica do País.
3. A condenação de
mais de um quarto da população portuguesa à pobreza e a insustentável taxa de
desemprego (que embora mascarada com a emigração e a não contabilização de mais
de 160 mil “ocupados” em estágios, programas ocupacionais e ações de formação,
não tem correspondência com a criação de emprego) agravada ainda por mais de
metade dos desempregados estar privado do subsídio de desemprego ou de qualquer
outro apoio social, são a face mais visível e desumana da dramática situação
social. Uma situação que tende a agravar-se com novos cortes nos salários e
pensões retomados pelo Governo, após a declaração de inconstitucionalidade dos
que havia decidido no Orçamento para 2014, procurando tornar definitivo e
permanente o que antes era apresentado como excepcional e transitório; o roubo
dos feriados; o ataque à contratação colectiva visando assegurar ao patronato
condições para retirar direitos e reduzir remunerações; e o crescente
subfinanciamento do Serviço Nacional de Saúde e da Escola Pública. Uma situação
que o aumento do Salário Mínimo Nacional não contraria, dado que, para lá da
sua manifesta insuficiência e das contrapartidas dadas ao grande patronato à
custa da segurança social, está acompanhado da intenção de, não só o conter no
futuro, como de ser usado como moeda de troca de direitos dos trabalhadores.
O caos a que a
justiça foi conduzida com a chamada reforma judicial e o novo mapa judiciário;
a degradação das condições de ensino que marcaram o início do novo ano lectivo,
seja pela situação no parque escolar, pela ausência de pessoal docente e não
docente ou pelo afrontamento aos professores de que o processo da sua colocação
é expressão; a insustentável prestação de cuidados de saúde decorrente da
desestruturação dos serviços do SNS, da falta de pessoal e da falta de material
– são consequência direta da política de corte nas despesas e de
comprometimento de funções do Estado.
O Comité Central do
PCP denuncia ainda a ação de redução de serviços públicos em curso, a tentativa
de envolvimento no Poder Local pelo que designam de “municipalização” na
desestruturação e liquidação dos serviços públicos e funções sociais, os novos
desenvolvimentos na estratégia de privatização da água com a recente fusão dos
sistemas em “alta”, e a criação do chamado “Fundo de Apoio Municipal” que
constitui um novo e arbitrário ataque à autonomia municipal. Ações que são
inseparáveis do processo de promoção do desemprego, de empobrecimento das
populações, de negação de direitos e de acentuação de assimetrias e
desigualdades que o Governo tem promovido.
4. A proposta de
Orçamento do Estado para 2015 – ao contrário da leitura propagandística do
Governo e da sua ampliação pelos comentadores de serviço na comunicação social
– confirma os eixos essenciais da ação do Governo e dos objectivos que com os
PEC, e mais acentuadamente com o Pacto de Agressão, têm vindo a ser impostos ao
País. Um Orçamento que procura esconder o agravamento do endividamento e da
dependência do País; mantém e confirma o assalto aos salários e pensões de
reforma; promove o desemprego e a precariedade designadamente na Administração
Pública; prossegue a asfixia financeira e o desmantelamento das funções sociais
do Estado (na Saúde, Educação e Segurança Social) e dos serviços públicos,
pondo em causa direitos
constitucionalmente consagrados; acentua o ataque ao poder local e à sua
autonomia; prossegue uma política fiscal assente na insuportável tributação
sobre os trabalhadores e outras camadas não-monopolistas a par de uma
escandalosa proteção ao grande capital, a lucros e dividendos, à especulação
financeira; consagra a criminosa política de alienação de empresas e sectores
estratégicos, com a intenção de novas privatizações.
5. O Comité Central
do PCP denuncia a política que, ao serviço do grande capital financeiro e dos
grupos económicos, tem conduzido ao aumento das injustiças e das desigualdades,
assegurando a estes a contínua acumulação de lucros construída sobre a
espoliação dos rendimentos dos trabalhadores e de outras camadas antimonopolistas
e dos recursos nacionais.
O caso Banco
Espírito Santo/Grupo Espírito Santo (BES/GES), e os seus desenvolvimentos,
tendo origem no processo de privatizações, constituem uma peça mais no
escandaloso processo dirigido para fazer pagar ao povo e ao País os custos da
especulação e da gestão danosa dos principais grupos financeiros com a
conivência dos governos e dos supostos reguladores. Aquilo que o PCP havia
denunciado desde o primeiro momento e que o Governo peremptoriamente negara,
veio agora a ser reconhecido pela voz do Primeiro-ministro e da Ministra das
Finanças – que o povo português será chamado a pagar direta e indiretamente os
custos da intervenção por via do “Fundo de resolução” e que essa operação terá
consequências na economia nacional. O que este caso vem comprovar – na linha do
sucedido com o BPN, BPP, BCP, Banif – é que mais do que gestão danosa ou
“desvios comportamentais” deste ou daquele banqueiro, as raízes destes
problemas são inseparáveis do próprio funcionamento do sistema capitalista, do
domínio do capital monopolista sobre o sistema financeiro, a economia e a vida
nacional, e das responsabilidades de sucessivos governos executores dessa
política e das regras impostas pelo próprio capital monopolista depois de
capturar o poder político. Um processo que vem, mais uma vez, dar razão à
denúncia do PCP sobre a gigantesca operação de centralização e concentração do
sector bancário na União Europeia a que chamam de União Bancária e o que esta
significa de perda dos poucos poderes de controlo, regulação e intervenção na
Banca que o Estado português ainda detinha.
O Comité Central do
PCP alerta e denuncia o que este e outros casos revelam, de promiscuidade entre
o poder político e o poder económico e da teia de interesses e dependências,
que corroem não apenas a democracia como o prestígio das instituições, bem como
a relativa impunidade que tem rodeado o tráfico de influências e os casos de
corrupção, esbarrando na recusa do necessário e efetivo apuramento de
responsabilidades, de que é exemplo mais recente o inquérito à aquisição dos
submarinos e outro equipamento militar.
6. O recente
processo em torno da Portugal Telecom (PT) é revelador de uma deliberada
política de alienação de empresas estratégicas indispensáveis à condução de um
desenvolvimento soberano e independente. De empresa apresentada como exemplo de
afirmação nacional no sector das telecomunicações, a PT – por via da progressiva
privatização, da sua associação à Telefónica e ao negócio da Vivo, da
premeditada eliminação dos mecanismos de controlo que o Estado dispunha por via
da “golden-share”, da viabilização da
sua fusão/aquisição pela OI brasileira e, já mais recentemente, do ruinoso
investimento na Rio Forte, do Grupo GES, – está a caminho de ser reduzida a um
segmento apendicular da estratégia do capital multinacional na área das
telecomunicações. Um processo conduzido ao longo dos últimos anos pelos
governos do PS, PSD e CDS-PP, inseparável da fúria privatizadora que tem
colocado nas mãos do grande capital o controlo dos sectores estratégicos.
7. Perante a
degradação da situação nacional e os perigos que comporta, o PCP reafirma a
importância da demissão do Governo e da ruptura com a política de direita que
agrava a exploração, promove o empobrecimento e afunda o País.
III - Derrotar o
Governo, romper com a política de direita - uma política patriótica e de
esquerda ao serviço do povo e do País
1. Romper com a
política de direita e abrir caminho a uma política alternativa, patriótica e de
esquerda, constitui um imperativo nacional e uma legítima aspiração cuja
concretização está nas mãos dos trabalhadores e do povo português.
2. Face a essa aspiração que cresce, assinala-se o
desenvolvimento de manobras e processos para construir soluções que assegurem o
prosseguimento da política de direita, esbatam os elementos cruciais de uma
ruptura com essa política, animem elementos de diversão e enfraqueçam a
construção de uma verdadeira alternativa.
A corrente de contrainformação
lançada pelo Governo em torno de elementos de política fiscal ou do Salário
Mínimo Nacional para iludir a natureza da política de exploração que se propõe
prosseguir; a encenação que, a pretexto de uma inventada eleição a “candidato a
primeiro-ministro”, o PS promoveu com ampla difusão mediática para procurar
iludir o seu alinhamento com a política de direita e a submissão aos interesses
da União Europeia, seja com António José Seguro ou com António Costa; as
rearrumações do quadro partidário com a criação de novas forças políticas
animadas por ambições e projetos pessoais; as movimentações, com base em novas
ou velhas expressões políticas, para oferecer ao PS o toque de abertura “à
esquerda” numa recauchutada governação à direita; o requentado apelo a
compromissos nacionais deixados pelo Presidente da República, no passado dia 5
de Outubro – são exemplos de realinhamentos que, ditados a partir dos centros
decisórios do grande capital, visam reduzir a margem para a crescente
reclamação sobre a urgente ruptura com a política de direita e a concretização
de uma política patriótica e de esquerda capaz de assegurar o desenvolvimento
soberano e independente do País.
Não há manobras que
possam ocultar a necessidade da ruptura e da alternativa que o PCP propõe e
cuja concretização é indissociável do desenvolvimento da luta de massas; da
convergência dos democratas e patriotas e do reforço do PCP e da sua
influência.
O Comité Central sublinha que, pela sua intervenção,
ação e percurso no combate à política de direita, na defesa dos interesses e
aspirações dos trabalhadores e do povo, no apoio e estímulo ao desenvolvimento
da luta de massas, na identificação das suas propostas com as legítimas
aspirações do povo português, na defesa da Constituição da República e da
soberania nacional, o PCP, assume-se perante o povo português como força
agregadora de todos aqueles que não aceitam o rumo de desastre que está em
curso, e aspiram a um País onde os valores de Abril são parte integrante do seu
futuro .
3. É esse o
objectivo e a prioridade do PCP, cuja projeção e ampliação conhece na ação,
agora iniciada, sob o lema «A força do Povo, por um Portugal com futuro – uma
política patriótica e de esquerda» um importante momento de afirmação. Uma ação
nacional que, nos próximos meses, projetará os eixos, os objectivos e as
prioridades nucleares de uma política alternativa, patriótica e de esquerda.
Uma ação nacional
que afirma com confiança que reside no povo a soberania de decisão que, com a
força do Povo, a sua luta e intervenção, mas também as suas opções e escolhas,
é possível romper com décadas de política de direita e abrir caminho a uma
política vinculada aos valores de Abril.
4. A concretização
de uma alternativa política ao rumo de desastre para que o País tem sido
conduzido nos últimos 38 anos, constitui um imperativo nacional e uma exigência
patriótica. Uma alternativa que tem na política patriótica e de esquerda que o
PCP apresenta ao País a base essencial de concretização, assente: na promoção e
valorização da produção nacional; na recuperação para o controlo público os
sectores e empresas estratégicas, designadamente do sector financeiro; na
valorização dos salários e rendimentos dos trabalhadores e do povo; na defesa
dos serviços públicos e das funções sociais do Estado, designadamente do
direito à educação, à saúde e à proteção social; numa política fiscal que
desagrave a carga sobre os rendimentos dos trabalhadores e das pequenas e
médias empresas e tribute fortemente os rendimentos e o património do grande
capital, os lucros e a especulação financeira; na rejeição da submissão às
imposições do Euro e da União Europeia recuperando para o País a sua soberania
económica, orçamental e monetária.
5. Assume, no
quadro da afirmação e concretização da política alternativa, particular
acuidade a resposta a três constrangimentos, cada vez mais reconhecíveis, que
contribuíram para o atraso e a degradação da situação nacional, entravam a
recuperação económica e social e eliminam as hipóteses de desenvolvimento do
País. São eles os níveis brutalmente elevados da dívida pública e da dívida
externa, a integração monetária no Euro e o domínio da banca pelo capital
monopolista. Salienta-se a importância e significado do Projeto de Resolução
debatido na Assembleia da República visando uma proposta integrada para
resgatar o País da dependência e do declínio tendente a fixar os calendários,
condições e opções da política nacional com vista: a renegociar a dívida
compatibilizando-a com o direito ao desenvolvimento; à criação de estruturas
nos órgãos de soberania que estudem e preparem o País para a saída do Euro,
conduzida para a salvaguarda dos interesses e condições de vida dos
trabalhadores e do povo; a adoptar as decisões que conduzam a um efetivo
controlo público do sector financeiro, colocando-o ao serviço do interesse do
País e dos portugueses e não da especulação. O Comité Central do PCP sublinha a
importância do prosseguimento e aprofundamento da ação política em torno destas
propostas.
6. O Comité Central
sublinha e valoriza ainda, no quadro da afirmação e concretização de
iniciativas que visam responder a alguns dos principais problemas nacionais, as
propostas divulgadas nomeadamente no âmbito das jornadas parlamentares, designadamente
no domínio da política fiscal, do aumento e reposição dos salários
(designadamente do Salário Mínimo Nacional), da saúde e da educação; dos
trabalhos da Comissão de Inquérito ao GES/BES; a proposta de convocação de uma
conferência intergovernamental para a revogação e suspensão imediata do Tratado
Orçamental, bem como a da exigência da revogação da União Bancária. O Comité
Central do PCP salienta a importância, reforçada pelos desenvolvimentos
decorrentes da anunciada aquisição pela Fidelidade da Espírito Santo Saúde
(ESS), do controlo público dos bens e património do GES, no quadro da qual se
insere a exigência já formulada da transferência para a esfera pública dos ativos
da ESS, designadamente com a reversão para o Estado da PPP do Hospital de Loures.
IV - Luta de massas, elemento determinante para a
derrota da política de direita
1. O Comité Central
saúda a luta dos trabalhadores, das populações e dos diferentes sectores e
camadas sociais. Uma luta que se trava num quadro difícil, de pressões, demagogia
e de acelerada tentativa de aumento do roubo de direitos, mas que se desenvolve
de forma corajosa, contribuindo decisivamente para o isolamento do Governo e da
sua política e que tem na classe operária e nos trabalhadores a sua mais
consequente e determinada expressão.
O Comité Central
saúda, de forma particular, a luta dos trabalhadores do sector de transportes,
metalurgia, química, têxteis, hotelaria, dos trabalhadores da Administração
Pública central e local, dos professores, auxiliares e enfermeiros. Lutas que
se desenvolvem nas empresas e locais de trabalho contra a exploração, o
empobrecimento, o roubo nas retribuições, os despedimentos, a desregulação dos
horários de trabalho e a precariedade.
Uma luta que traz à
rua professores, pais, estudantes e auxiliares, para onde convergem populações,
trabalhadores judiciais, magistrados, advogados, utentes e trabalhadores do Serviço Nacional
de Saúde, profissionais da cultura, reformados e agricultores.
O Comité Central
sublinha a importância da quinzena de luta desenvolvida pelo movimento sindical
unitário, com expressões nas empresas e locais de trabalho, pelo aumento dos
salários, pela redução do horário de trabalho, pela contratação colectiva e
pelos direitos.
2. O Comité Central
salienta a importância da Manifestação Nacional dos trabalhadores da
Administração Pública de 31 de Outubro, em Lisboa, decidida pela Frente Comum
dos Sindicatos, do Dia nacional de indignação, ação e luta de 13 de Novembro e
da Marcha Nacional pela derrota do Governo e a ruptura com a política de
direita a realizar de 21 a 25 de Novembro, jornadas de luta decididas pela
CGTP-IN que se inserem no processo de alargamento e intensificação da luta, e
apela aos trabalhadores para que nelas se envolvam e participem. Destacam-se
ainda as jornadas de luta dos trabalhadores e da população, nomeadamente a
greve do Metropolitano de Lisboa convocada para dia 21 de Outubro, a luta
contra a privatização da EGF, dos estudantes do Ensino Básico e Secundário dia
23 de Outubro e a greve dos trabalhadores da função pública do sector da saúde
dia 24 de Outubro.
O Comité Central
saúda a CGTP-IN, o movimento sindical unitário, pela sua ação e papel na
organização dos trabalhadores e na defesa dos seus interesses de classe. Uma
saudação que se estende às Comissões de Trabalhadores, salientando a realização
do Encontro Nacional das Comissões de Trabalhadores no passado dia 10 de
Outubro em Vila Nova de Famalicão.
O Comité Central
sublinhando a intervenção e papel das organizações e movimentos de massas saúda
a realização a 25 de Outubro do Congresso do Movimento Democrático de Mulheres
(MDM) assim como o Congresso da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) que
se realiza no dia 23 de Novembro.
O Comité Central do
PCP apela à unidade e à convergência da luta dos trabalhadores, das várias
camadas e sectores sociais antimonopolistas que, partindo dos seus objectivos e
reivindicações específicas, se constituem como elementos determinantes para a
demissão do Governo, a realização de eleições legislativas antecipadas e, acima
de tudo, para a derrota da política de direita e a concretização de uma alternativa patriótica
e de esquerda.
V - A situação na
União Europeia, a ofensiva do imperialismo, a luta dos povos e a solidariedade
anti-imperialista
1. O Comité Central
do PCP denuncia a manobra em torno do chamado início de um “novo ciclo” no
quadro da União Europeia, quando esta se prepara para continuar a aprofundar o
seu rumo neoliberal, federalista e militarista, sob o domínio das grandes potências
e do grande capital.
A indigitação de
Carlos Moedas para comissário – um dos executores do Pacto de Agressão contra
os trabalhadores, o povo e o País – é apenas mais um exemplo revelador da
conivência e da subordinação do Governo PSD/CDS aos ditames da União Europeia,
dos grupos monopolistas e da sua política de abdicação nacional.
2. O Comité Central
do PCP alerta para as gravosas consequências do denominado “Tratado
Transatlântico de Comércio e Investimentos” (TTIP) que está a ser negociado
entre a União Europeia e os EUA nas costas dos povos e que, se ratificado,
representaria um novo desenvolvimento na ofensiva contra os direitos laborais e
sociais, o ambiente, os serviços públicos e a soberania e independência
nacionais.
3. O aprofundamento
da crise estrutural do capitalismo – que acentua o seu carácter explorador,
opressor, agressivo e predador – continua a marcar a evolução da situação
internacional, onde, ao mesmo tempo, tem vindo a ter lugar um complexo processo
de rearrumação de forças que, apesar da existência de contradições, tem
representado um factor de contenção à instauração de uma «nova ordem mundial»
hegemonizada pelo imperialismo norte-americano.
Após seis anos
sobre o desencadeamento da explosão de crise nos EUA, a situação económica e
social nos EUA, na UE e no Japão, permanece caracterizada pelo crescimento
anémico e pela estagnação – sob a ameaça da recessão e o risco da eclosão de
novas explosões de crise –, no quadro da intensificação da exploração, do
alastramento do desemprego e da precariedade, do aumento das desigualdades
sociais, da predação dos recursos e de uma cada vez maior concentração e
centralização do capital e da riqueza.
4. O imperialismo,
sob a condução do imperialismo norte-americano, reforça as suas alianças político-militares
– como ficou patente na recente Cimeira da NATO, realizada no Reino Unido –,
multiplica focos de tensão, incrementa a ingerência, instrumentaliza grupos
xenófobos e fascistas e a sua ação terrorista e fomenta a agressão, promovendo
um permanente estado de guerra contra aqueles que resistem ou considera serem
um obstáculo à imposição e salvaguarda da sua supremacia mundial.
Neste quadro,
assume uma particular gravidade a situação na Ucrânia e no Médio Oriente. Na
Ucrânia prossegue a vaga de repressão desenvolvida pelas autoridades de Kiev,
apoiadas pelos EUA, a UE e a NATO, contra a população ucraniana que rejeita e
resiste ao poder golpista da oligarquia e dos grupos fascistas. No Médio
Oriente e na sequência da criminosa agressão de Israel à população palestiniana
da Faixa de Gaza, os EUA lideram uma nova escalada belicista no Iraque e na
Síria que, a pretexto do combate ao grupo denominado “Estado Islâmico”, encerra
novos e trágicos perigos para os povos desta região.
O Comité Central do
PCP denuncia a ingerência imperialista na América Latina e nas Caraíbas,
valoriza a vitória das forças progressistas nas recentes eleições que se
realizaram na Bolívia e chama a atenção para a importância das eleições
presidenciais no Brasil, onde o grande capital e o imperialismo estão apostados
na derrota das forças que protagonizam um processo, iniciado em 2003
convergente com os processos de afirmação soberana, progressistas e
revolucionários, verificados na região.
5. O Comité Central
do PCP valoriza a luta dos trabalhadores e dos povos contra a exploração, a opressão e em defesa da soberania e
independência nacionais, que se tem desenvolvido num quadro de situações
complexas e muito distintas e apontando objectivos imediatos diversos.
A situação
evidencia a necessidade de aprofundar e desenvolver a luta e de agir para a
convergência das mais amplas forças sociais e políticas que possam confluir na ação
contra o imperialismo, a guerra, a ameaça fascista e pela paz, afirmando uma
ampla frente anti-imperialista.
O Comité Central do
PCP salienta a importância da ação do movimento da Paz e da solidariedade
anti-imperialista e saúda a realização da Assembleia do Conselho Português para
a Paz e Cooperação e do Concerto pela Paz no dia 22 de Novembro.
Uma situação que
evidencia a necessidade do reforço do movimento comunista e revolucionário
internacional, dos partidos comunistas e outras forças revolucionárias e dos
esforços para a sua cooperação em que se insere a realização do 16º Encontro
Internacional de Partidos Comunistas e Operários, que terá lugar de 13 a 15 de
Novembro, no Equador.
O PCP empenha-se no
desenvolvimento da ação internacionalista sendo de destacar e valorizar, no
quadro de uma intensa atividade, a realização do Seminário Internacional «A Revolução
Portuguesa e a situação na Europa e no Mundo 40 anos depois», realizado dia 5
de Setembro, em Almada – que contou com a participação de 42 partidos
comunistas e forças progressistas de 34 países.
VI - Reforçar o Partido, dinamizar a iniciativa
política, ampliar a influência
1. Numa situação
marcada pela exigência da ruptura com a política de direita e pela necessidade
de uma alternativa patriótica e de esquerda, em que os centros do grande
capital manobram para a continuação de uma política ao serviço dos seus
interesses contra os trabalhadores, o povo e o País, ganha redobrada
importância e atualidade a ação do PCP, o seu papel agregador e dinamizador e o
seu reforço.
2. O Partido assume
uma intervenção de grande relevo cumprindo o seu papel, enfrentando e
ultrapassando dificuldades e obstáculos. Na atual situação comprova-se
inteiramente a necessidade de desenvolver um trabalho articulado que inclui: o
estímulo ao desenvolvimento da luta de massas; o fortalecimento das
organizações e movimentos unitários de massas em particular do movimento
sindical unitário; a intensificação da ação e iniciativa política, a ampliação
do trabalho político unitário e o reforço do Partido.
O Comité Central
regista o trabalho desenvolvido, designadamente a ação dirigida aos
trabalhadores e à população, a intervenção nas instituições e o desenvolvimento
das comemorações do 40º aniversário do 25 de Abril nomeadamente o lançamento do
V Tomo das Obras Escolhidas de Álvaro Cunhal e o ciclo de debates «Os valores
de Abril no futuro de Portugal» que encerra dia 4 de Novembro com a sessão
pública «Direitos dos trabalhadores e progresso social».
3. Salienta também
a dinamização do processo «Diálogo e ação para uma alternativa patriótica e de
esquerda», prosseguindo e alargando o debate com democratas e patriotas, com
pessoas sem filiação partidária, em reuniões e contactos diversos e ainda a
realização de um conjunto de reuniões e encontros com forças, sectores sociais
e políticos e outras entidades para avaliar a situação e expressar a posição do
PCP.
O Comité Central
aponta a necessidade de prosseguir estas linhas de trabalho agora interligadas
com a ação nacional «A força do Povo, por um Portugal com futuro – uma política
patriótica e de esquerda». Uma ação que teve início no final de Setembro e que
integra seis semanas temáticas correspondendo a linhas essenciais de ruptura e
alternativa e que culminará em 13 de Dezembro.
Integrada nesta ação
decorrerá, de 29 de Outubro a 26 de Novembro, uma jornada nacional de propaganda,
assente no contacto com os trabalhadores e a população com elementos de
informação, esclarecimento e mobilização.
4. A concretização
da ação de reforço do Partido «Mais organização, mais intervenção, maior
influência – Um PCP mais forte» levando à prática as conclusões do XIX
Congresso, constitui uma tarefa prioritária.
Neste contexto o
Comité Central salienta que assume importância principal a ação de contacto com
os membros do Partido para entrega do novo cartão, atualização de dados e
elevação da militância cuja concretização serve de elemento estruturante para
impulsionar todo o reforço do Partido. Registando-se um trabalho positivo em
muitas organizações, algumas com o trabalho muito avançado ou mesmo completado,
há outras com atrasos assinaláveis, impondo-se a adopção de medidas que
permitam assegurar a concretização rápida desta ação com todo o impacto
positivo que tem no reforço do Partido.
O Comité Central
reafirma as cinco direções principais para o reforço do Partido: aumentar a
capacidade de direção, elevar a militância, alargar a responsabilização de
quadros; promover o recrutamento concretizando a campanha de recrutamento em
curso e a integração de novos militantes; dar mais força à luta de massas e à
intervenção política, estruturar a organização e melhorar o funcionamento dando
prioridade ao reforço da organização e intervenção do Partido junto da classe
operária e dos trabalhadores, nas empresas e locais de trabalho bem como a
outras áreas de intervenção; reforçar os meios de ação e intervenção do Partido
quanto à imprensa, à informação e à propaganda, defender e reforçar a
independência financeira do Partido.
5. A realização da
38ª Festa do «Avante!» constituiu um importante êxito. Uma demonstração de
força e confiança, uma importante
expressão do projeto e ideal do PCP neste ano do 40º Aniversário da Revolução
de Abril. A Festa do «Avante!» confirma-se como a maior iniciativa
político-cultural do País, com um significativo impacto internacional, como
mostra a presença de cerca de 50 delegações estrangeiras.
O Comité Central
saúda o empenho, a dedicação e a militância, colocados na preparação,
construção e realização da Festa pelas organizações e militantes do Partido e
da JCP, numa extraordinária demonstração da capacidade de realização dos
comunistas e do seu Partido.
O Comité Central
decide a realização da 39ª edição da Festa do «Avante!» nos dias 4, 5 e 6 de
Setembro de 2015.
6. O Comité Central
assinala a aquisição pelo PCP da Quinta do Cabo, espaço contíguo à Quinta da
Atalaia para alargamento da Festa do «Avante!», para garantir mais e melhor
Festa, e valoriza o importante e positivo impacto e acolhimento que esta
mereceu.
Correspondendo a
uma grande aspiração, a aquisição da Quinta do Cabo, permitirá uma maior
valorização da Festa, encontrar melhores soluções para a reformulação dos seus
espaços, o enriquecimento dos seus conteúdos e a melhoria das condições da sua
preparação, funcionamento e acolhimento dos seus visitantes.
O Comité Central
apela aos militantes e às organizações do PCP e da JCP que, a par da preparação
da Festa do «Avante!» de 2015, dinamizem uma ampla abordagem, discussão e
recolha de sugestões e contribuições com vista à valorização e enriquecimento
da Festa do «Avante!», incluindo a utilização do novo terreno, na perspectiva
do 40º Aniversário da Festa do «Avante!» em 2016 e da sua afirmação futura.
Uma abordagem e
discussão com vista a dar resposta a novos desafios e a novas exigências, à
criação de melhores condições para receber os visitantes, à permanente inovação
e criação de novos pólos de interesse, o que exige uma permanente criatividade,
um intenso estudo dos problemas e soluções, uma cuidada e atempada planificação
do trabalho e um redobrado empenhamento de toda a organização a par do estímulo
a uma contribuição alargada.
7. A Festa do
«Avante!», festa de Abril, da juventude, dos trabalhadores e do povo português,
tal como o terreno onde se realiza e a sua valorização e alargamento, são uma
obra colectiva. Tal como aconteceu com a Quinta da Atalaia, também a aquisição
da Quinta do Cabo será suportada por uma campanha de fundos.
A Campanha Nacional
de Fundos, – «Mais espaço, Mais Festa. Futuro com Abril» – assume um exigente
objectivo, cuja concretização dependerá do empenho e disponibilidade dos
comunistas, dos amigos do Partido e da Festa e de muitos outros democratas.
A campanha de
fundos exige uma cuidada planificação em todas as organizações do Partido, não
dispensando a sua imaginação, criatividade e iniciativa próprias, mas deve
assentar no imediato na divulgação e distribuição dos títulos de
comparticipação e dos cupões e no alargamento dos contactos com vista à
contribuição imediata de cada um e para o estabelecimento de compromissos de
contribuição, designadamente mensal, que cada um possa assumir, até ao limiar
da 40ª Festa do «Avante!».
Tal como em 1989
com a Atalaia, num momento particularmente exigente e difícil para os
trabalhadores e o povo português, a decisão de adquirir a Quinta do Cabo revela
a confiança do PCP no colectivo partidário, nos visitantes e amigos da Festa,
nos trabalhadores, na juventude, no povo português, e assenta na convicção de
que é possível resistir, enfrentar dificuldades, vencer obstáculos, de que é
possível, com a força do povo, abrir o caminho dos valores de Abril no futuro
de Portugal, da democracia avançada e do socialismo.
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