O Comité Central
analisou aspectos da situação nacional, marcada pela agudização da situação
económica e social, as consequências para o país resultantes da aprovação do
Orçamento do Estado para 2014, um verdadeiro instrumento de rapina dos
trabalhadores e do Povo, um novo pacote de medidas de terrorismo social que
empobrecerá ainda mais os portugueses e o País.
Um instrumento de
exploração e liquidação de direitos. Um Orçamento que, ao serviço dos lucros
dos grupos económicos e financeiros, acentua as injustiças e as desigualdades.
Em vez das
inevitabilidades que apregoam, o que o país assiste é a uma opção clara,
programada e enganadora da parte do atual governo. Clara na medida em que cada
euro roubado aos salários, às pensões, aos rendimentos dos micro e pequenos
empresários ou agricultores servirá apenas para manter intocáveis os interesses
dos grupos monopolistas que operam em Portugal. Programada, porque a pretexto
desta crise, o que está a ser concretizada, é uma velha aspiração de ajuste de
contas com direitos e conquistas alcançados com a Revolução de Abril.
Enganadora porque apresentada como caminho para “libertar” o país da troika
e o tão propalado “regresso aos mercados”, é no fundo, o caminho da perpetuação
durante as próximas décadas do empobrecimento e da austeridade como modo de
vida e futuro do país.
A realidade com que
Portugal está hoje confrontado - expressão de mais de 37 anos de política de
direita, do processo de integração capitalista da União Europeia e da própria
natureza e da crise estrutural do capitalismo – reflete o rumo de declínio
económico e retrocesso social e que teve, primeiro com os PEC's do PS e depois,
nos últimos dois anos e meio, com o Pacto de Agressão que PS, PSD e CDS
assumiram com a União Europeia, o Banco Central Europeu e o FMI, factores de
forte acentuação e aceleramento.
Governo, grupos
monopolistas e aqueles que os servem, lançam-se numa campanha de mentira,
manipulação e dissimulação da realidade. É a fraude do “milagre português”
assente na mais grosseira manipulação estatística: usam os mais de 130 mil
trabalhadores que neste ano de 2013 abandonaram o país para a emigração e a
destruição real de emprego para virem dizer que o desemprego está a baixar;
apresentam como êxito os saldos positivos da balança comercial quando na
verdade estes refletem, uma dramática quebra do consumo interno e do
investimento, sinónimos de pobreza e de atraso; jogam com as variações em
cadeia e dados sazonais do PIB para vender como positiva uma situação de
regressão económica que coloca o PIB nacional ao nível daquele que existia no
ano 2000.
Uma política e um
governo que, a não serem derrotados, ameaçam destruir as condições de vida da
esmagadora maioria da população, arrasar com a economia nacional, comprometer a
soberania, a independência e o futuro do país.
O Comité Central do
PCP reafirma que, perante o rumo de exploração, de declínio e retrocesso social
a que o País tem sido submetido e os projetos para o procurar perpetuar, a
demissão do governo e a convocação de eleições antecipadas assume-se como uma
questão decisiva e inadiável.
Mais do que nunca
urge romper com a política de direita que abra caminho à construção de uma
política alternativa, patriótica e de esquerda. Uma política que seja capaz de
libertar Portugal da dependência e da submissão, recuperar para o país o que é
do país, devolver aos trabalhadores e ao povo os seus direitos, salários e
rendimentos.
Perante a violenta
ofensiva desenvolvida nestes últimos dois anos e meio contra os direitos dos
trabalhadores e das populações, os ataques ao regime democrático e à soberania
nacional, a luta dos trabalhadores tem constituído um factor determinante para
travar a política de direita e as suas consequências.
Luta nas empresas e
nos locais de trabalho contra o roubo nos salários, na defesa dos postos de
trabalho e do trabalho com direitos, na melhoria das condições de trabalho,
contra a privatização de empresas do sector público como é exemplo os
Estaleiros de Viana do Castelo, e a melhoria do serviço público, como tem vindo
a acontecer nas empresas de transportes públicos de passageiros e nos CTT.
Luta que conheceu
três momentos marcantes na «Marcha por Abril, contra a exploração e o
empobrecimento» que decorreu no dia 19 de Outubro; no «Dia Nacional de
Indignação e Luta» que se realizou no passado dia 26 de Novembro com
expressão nacional, ambos convocados pela CGTP-IN; e na manifestação
convocada, pela primeira vez, por todas as organizações representativas dos
profissionais das forças de segurança – ações que constituíram corajosas e
determinadas afirmações de dignidade e patriotismo.
O PCP apela aos
trabalhadores e ao povo, para que respondam a esta ofensiva intensificando a
luta pela resolução dos seus reais problemas - a começar com a sua participação
na ação de luta convocada para esta semana pela CGTP-IN, com destaque para a
vigília da próxima quinta-feira em Belém – exigindo a ruptura com a política de
direita e eleições antecipadas, passo importante na luta pela alternativa
patriótica e de esquerda.
O futuro do país
está nas mãos dos trabalhadores e do povo.
Em vésperas de mais
um Conselho Europeu e perante a indisfarçável crise económica e social da União
Europeia, o aprofundamento dos pilares neoliberal, militarista e federalista só
podem conduzir ao agravamento dos problemas económicos e sociais e ao
comprometimento das soberanias nacionais.
O processo em curso
de aprofundamento da União Económica e Monetária; as orientações da governação
económica, do semestre europeu e da Estratégia 2020; o “Tratado orçamental”, a
União Bancária e o Mecanismo Único de Supervisão Bancária; o aprofundamento e
alargamento do Mercado Único a novas áreas de lucro; as regras da
condicionalidade macroeconómica na atribuição de fundos Europeus recentemente
aprovadas; a redução do já de si irrisório orçamento comunitário, constituem no
seu conjunto uma tentativa de “naturalização” e institucionalização do
“ajustamento” e de eternização da regressão social em curso na UE, um processo
que tem como único objectivo servir os interesses dos grandes monopólios,
particularmente de prosseguir os apoios milionários à Banca.
As eleições para o
Parlamento Europeu, a realizar em 25 de Maio, constituem assim uma importante
batalha política e eleitoral que, articulada com o desenvolvimento da luta, contribua
para a inadiável derrota do governo e para a ruptura com a política de direita.
As eleições para o
Parlamento Europeu constituem uma oportunidade para reforçar a CDU e contribuir
para dar força à construção de uma política patriótica e de esquerda, condição
indispensável para assegurar a defesa dos interesses e direitos dos
trabalhadores e do povo português e para a afirmação da soberania nacional que
liberte o País do atual rumo de retrocesso social, declínio económico e
dependência.
Numa situação que,
quer PSD e CDS por um lado, quer PS e outros que o acompanham invocando
designadamente o «europeísmo de esquerda», apresentarão o aprofundamento do
federalismo europeu enquanto alegada solução para os problemas nacionais, esse
mesmo federalismo que conduziu o País à situação de dependência, a CDU
assume-se como a mais sólida referência para a defesa dos interesses e direitos
dos trabalhadores, do povo e da soberania nacional.
O reforço da CDU e
do número dos seus deputados no Parlamento Europeu é assim a melhor garantia
para a firme defesa dos interesses dos portugueses, para minimizar os
condicionamentos e consequências negativas da integração, para utilizar a favor
do progresso social todos os meios e possibilidades, para lutar contra as
imposições supranacionais e as limitações à democracia e à vontade do povo,
para agir especificamente e em articulação com os trabalhadores e os povos de
outros países para romper com o processo de integração capitalista europeu. Uma
presença que, distintamente de quaisquer outros deputados, dará expressão às
aspirações dos trabalhadores e do povo e que encontrará na profunda ligação aos
problemas concretos do país o elemento e razão central da sua intervenção no
Parlamento Europeu.
O Comité Central
aprovou na sua reunião duas importantes resoluções. Uma sobre o reforço da
organização partidária e uma outra sobre o 40º aniversário da Revolução de
Abril em que se sublinha a atualidade das suas conquistas e valores e a sua projeção
enquanto elementos estruturantes de um Portugal de progresso, desenvolvido e
soberano. O PCP desenvolverá no ano de 2014 uma ação nacional centrada na projeção
dos valores de Abril e na afirmação da política patriótica e de esquerda. Uma ação
integrada e articulada com a preparação das eleições europeias, as comemorações
do 40º Aniversário do 25 de Abril e a intervenção e luta pela derrota
definitiva do Pacto de Agressão, a demissão do governo e a ruptura com a
política de direita, identificada na afirmação dos direitos e na elevação das condições
de vida dos trabalhadores e do povo, no desenvolvimento económico e social e na
afirmação da soberania e independência nacionais, elementos essenciais à
solução dos problemas do país.
O Comité Central
deliberou ainda, no âmbito do trabalho de direção, eleger para a sua Comissão
Política os camaradas João Oliveira, Presidente do Grupo Parlamentar do PCP na
Assembleia da República e Manuel Rodrigues que, no início do próximo ano,
assumirá a responsabilidade de Diretor do Jornal «Avante!».
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