Em Junho de 2000, Álvaro Cunhal, cujo centenário do seu nascimento celebramos este ano, foi convidado por um grupo de Professores a escrever um conto que explicasse às crianças, e porque não aos adultos, a Revolução do 25 de Abril.
Esse pequeno conto, intitulado “Os Barrigas e os Magriços”, começa assim:
“(…) Foi num país em que havia uns homens conhecidos como os Barrigas e outros conhecidos como os Magriços. Os Barrigas não tinham este nome por serem todos barrigudos, mas por comerem tanto, tanto, tanto que nem se percebia onde cabia tanta coisa. Houve até quem dissesse que para lá caber tanta comida o corpo dos Barrigas lá por dentro devia ser todo estômago. Os Magriços também não se chamavam assim por terem nascido todos magrinhos. Mas porque, em certas épocas do ano, os Barrigas não lhes davam trabalho, nada lhes pagavam, e passavam tanta fome (…)”.