A Comissão
Concelhia de Setúbal do PCP, reunida no dia 2 de Setembro, analisou aspectos
relacionados com a situação política e social e definiu linhas de trabalho do
Partido num quadro que impõe o desenvolvimento da luta pela concretização de
uma política alternativa, patriótica e de esquerda.
1. Os dados vindos recentemente a público, relativos à
execução Orçamental dos primeiros 7 meses do ano, põem em evidência o falhanço
da política de direita que tem conduzido Portugal a uma situação de retrocesso
social, definhamento económico e dependência externa sem precedentes nos
últimos 40 anos.
Mesmo tendo recaído sobre os trabalhadores e as famílias
uma enorme carga fiscal e enquanto os salários, as pensões e reformas, e os
apoios sociais são atingidos por acentuados cortes, verificamos um agravamento
do défice orçamental em 388,8 milhões de euros.
Entretanto, a dívida pública voltou a subir
representando no final de Junho 134% do PIB, ou seja, mais 2600 milhões de
euros relativamente ao 1.º trimestre deste ano, enquanto o défice da balança
comercial sofre um agravamento de 759%, relativamente ao mesmo período do ano
passado.
Os trabalhadores e o país estão confrontados com o
Governo que mais vezes desrespeitou a Lei Fundamental e mais vezes viu o Tribunal
Constitucional rejeitar as suas pretensões! A recente recusa pelo TC da Contribuição de Sustentabilidade pôs em
evidencia os seus verdadeiros objectivos, ou seja, o de pretender tornar
permanentes medidas apresentadas como tendo carácter excepcional, aspirando
institucionalizar baixos valores de reformas, destruindo a relação existente
entre o valor do salário, a base de incidência dos descontos e a carreira
contributiva dos trabalhadores.
Com a economia a caminho da estagnação e apesar do
continuado empobrecimento dos trabalhadores e suas famílias o Governo
prepara-se, através do Orçamento Retificativo (mais um), para introduzir mais
cortes nos salários dos trabalhadores da administração pública (central e
local), agravar ainda mais o estado caótico em que se encontram hospitais,
centros de saúde, escolas, serviços de Segurança Social, Tribunais e
repartições de finanças e tem em perspectiva o maior saque fiscal até hoje
efectuado sobre os rendimentos e consumo dos trabalhadores.
Estamos perante um Governo que, ao mesmo tempo que é
despachado na execução da política de esbulho dos rendimentos dos
trabalhadores, dos reformados, dos micro, pequenos e médios empresários, dos
pescadores, dos pequenos e médios agricultores, é eficaz nas atribuição de
privilégios ao grande capital, como o testemunha o caso GES/BES com a pronta
canalização de 4,4 mil milhões de euros para o Novo Banco. Estamos a assistir a
um processo que segue de muito perto as pegadas do caso BPN. Ou seja, o Governo
decide intervir com dinheiros públicos para salvar o banco e depois, livre de dívidas,
irá colocá-lo nas mãos dos especuladores.
A Comissão Concelhia de Setúbal do PCP apela aos
trabalhadores e às vastas camadas sociais que sofrem as consequência da
política de recuperação capitalista levada a cabo nos últimos 38 anos pelo PS,
PSD e CDS, a desenvolverem e participarem na luta pela ruptura com esta
política e por uma mudança na vida nacional que abra caminho à construção de
uma política alternativa, patriótica e de esquerda.
2. O Governo
PSD/CDS tudo tem feito para levar a cabo a destruição do Serviço Nacional de Saúde,
numa ofensiva sem precedentes tendo em vista a privatização dos cuidados de saúde
e a desresponsabilização do Estado dos seus deveres constitucionais.
Como resultado destas políticas, no nosso concelho tem
vindo a degradar-se de forma acentuada a prestação de saúde a nível dos
cuidados primários, verificando-se um cada vez maior número de utentes sem
médico de família, uma insuficiência de médicos e enfermeiros e outros
profissionais de saúde, encerramento de unidades de proximidade, e a contínua degradação
de muitas das instalações. O aumento constante das taxas moderadoras torna o
acesso aos cuidados de saúde mais difícil, nomeadamente, para os reformados,
pensionistas e idosos com baixos rendimentos económicos.
Também nos cuidados hospitalares se verifica uma
insuficiência de meios materiais disponíveis e de profissionais para a
prestação de cuidados de saúde de qualidade em consequência dos ataques às
carreiras e aos próprios profissionais que vêem as suas remunerações a diminuir
mas ficam obrigados a trabalhar para além dos seus limites, da destruição de
equipas, nomeadamente nos serviços de urgência, com recurso a médicos
contratados por empresas creditadas pelo Ministério da Saúde e cujos processos
de contratação “à tarefa” em nada dignifica quem deles faz uso intensificando a
emigração por falta de emprego e/ou o abandono da Função Pública e passagem ao sector privado.
A luta em defesa do SNS torna-se cada vez mais
necessária e urgente. É necessário esclarecer as populações e dinamizá-las para
esta mesma luta. Saudamos todos os profissionais de saúde, que têm travado
lutas importantes em defesa do SNS e dos seus direitos profissionais denunciando
as condições em que estão a trabalhar que são lesivas para os direitos dos
utentes, nomeadamente médicos e
enfermeiros.
3. No
momento em que foram anunciados novos cortes na Educação e nomeadamente no
Ensino Superior Público, Setúbal, e em particular o Instituto Politécnico de
Setúbal, é afectado. Esta política, que conduz à degradação das condições de
ensino, ao despedimento de docentes e ao encerramento de cursos é ainda
causadora de elevadas taxas de abandono do ensino por parte dos estudantes em
consequência, principalmente, da dificuldade no pagamento das elevadas
propinas.
A Comissão Concelhia de Setúbal opõe-se a esta lesiva
política que prejudica professores, funcionários e alunos, levando a uma cada
vez maior elitização do ensino. O PCP alerta para as consequências da ofensiva
em curso contra a Escola Pública e reafirma a defesa de uma política educativa
que passa pela existência de uma Escola Pública gratuita e de qualidade, uma
escola para todos.
4. Ao longo de 38 anos de vida o Poder Local tem sofrido
golpes dos sucessivos governos da política de direita (PS, PSD e CDS), que não
perdoam à Revolução de Abril a edificação de um Poder Local amplamente
participado, plural, colegial e democrático, dotado de uma efectiva autonomia administrativa
e financeira, ocupando um lugar na organização democrática do Estado não
subsidiário nem dependente da administração central, e por isso querem ajustar
contas.
Um dos exemplos mais
nefasto do ataque ao Poder Local é sem dúvida a extinção de freguesias feita
contra a vontade dos eleitos e das populações. O PCP, nomeadamente no Concelho
de Setúbal, que viu extintas 5 Freguesias, foi a força que, ao lado das
populações, com mais coerência se bateu contra esta medida tendo assumido o
compromisso em campanha eleitoral de propor a reposição das Freguesias extintas,
luta que continuaremos a desenvolver.
Os sucessivos governos da política de direita têm
marcado a sua prática ainda pelo incumprimento das leis das finanças locais, nomeadamente
através da atribuição de competências e transferência de encargos para as
Autarquias sem a correspondente transferência dos correspondentes meios
financeiros, pela imposição de sucessivas limitações e violações da autonomia
do poder local.
Apesar da pesada herança deixada pela ruinosa gestão
do PS na Câmara de Setúbal, bem como das dificuldades impostas e dos milhões de
euros roubados às autarquias com a consequente asfixia financeira a que os
sucessivos Governos as têm vindo a sujeitar, a gestão CDU em Setúbal continua
apostada em prestar às populações um serviço público de qualidade, em realizar investimento público
com vista à melhoria das condições de vida e ao desenvolvimento do concelho e
das populações de Setúbal.
5. A Comissão Concelhia de
Setúbal do PCP abordou aspectos da preparação da 38ª Festa do Avante! Festa de
Abril, que irá decorrer no próximo fim de semana, na Atalaia, Amora, Seixal,
confiante que esta será mais uma extraordinária Festa de cultura, desporto,
gastronomia, convívio e luta.
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