1) Os dados hoje
divulgados pelo INE referentes ao 4º trimestre de 2014, conjugados com os dados
mensais do emprego e do desemprego corrigidos de sazonalidade, revelam o
aumento do desemprego no 4º trimestre de 2014 em relação ao 3º trimestre do
ano.
2) O que os
inquéritos trimestrais ao emprego realizados pelo INE mostram é que o emprego
não só não cresce por forma a conseguir absorver a redução do desemprego, como
o pouco crescimento do emprego e a redução do desemprego resultam, na sua quase
totalidade, da colocação de trabalhadores desempregados em estágios e cursos de
formação pagos pelo Estado, através das chamadas políticas ativas de emprego,
onde o Governo enterra centenas e centenas de milhões de euros. A economia e,
em particular, os seus sectores produtivos continuam a não criar ou a criar
muito poucos empregos.
3) Na verdade, não
há correspondência entre a redução do número de desempregados e o número de
empregos criados entre os quartos trimestres de 2013 e 2014. Enquanto o
desemprego se reduziu em 109 700, a criação líquida de emprego foi de apenas 22
700, ou seja, 87 000 trabalhadores portugueses deixaram de ser considerados
desempregados, mas nem por isso encontraram emprego. Como neste período, também
de acordo com o INE, a população residente com idade entre os 15 e os 44 anos
baixou em 68 000, a população inativa aumentou em 26 400, não é difícil
perceber que a esmagadora maioria destes trabalhadores terá emigrado ou
desistiu de procurar emprego.
Se não se
subtraíssem das estatísticas do desemprego os mais de 166 mil trabalhadores
desempregados em estágios e cursos de formação, isso bastaria para que a taxa
de desemprego fosse já de 16,7%.
4) O que estes
dados não deixam de demonstrar é que a taxa de desemprego jovem é de 34,0%, que
o desemprego de longa duração atinge já os 64,5% do total do desemprego (a mais
elevada taxa de desemprego de longa duração de sempre), que o trabalho precário
representa 28,3% do trabalho por conta de outrem, que há 257 700 inativos
disponíveis para trabalhar mas que não estão no mercado de trabalho, que há 251
700 trabalhadores que não conseguem um trabalho a tempo completo e são
obrigados a trabalhar a tempo parcial, que há 580 400 trabalhadores isolados a
trabalhar a recibo verde e que a esmagadora maioria do pouco emprego criado é
precário e de salários muito baixos. Por todas estas razões a taxa de
desemprego real é ainda muito superior aos 13,5% agora apresentados e atinge de
acordo com estes dados os 22,2%. Ou seja, cerca de 1 207 700 trabalhadores
estavam efetivamente desempregados no 4º trimestre de 2014, o que constitui um
autêntico flagelo nacional, que a manipulação e propaganda deste Governo não
conseguem apagar.
5) Um
desenvolvimento económico sustentado capaz de dinamizar um mercado interno e de
criar emprego qualificado e com direitos é, do nosso ponto de vista,
incompatível com a nefasta ação deste Governo e com uma política subordinada
aos critérios da troika e da atual União Europeia.
Sem comentários:
Enviar um comentário