O
PCP condena as medidas que, a pretexto do combate ao tráfico de migrantes, e
hipocritamente tirando partido das recentes tragédias no Mediterrâneo, a UE
anunciou ontem. A decisão de estabelecimento de uma força naval destacada para
o alegado combate às redes mafiosas de imigração ilegal nas águas territoriais
e costa da Líbia, constitui uma inaceitável ofensiva militarista violadora da
soberania e integridade territorial da Líbia e do Direito Internacional que
visa eternizar a ocupação militar, a ingerência e desestabilização dos países
da bacia sul do Mediterrâneo, especialmente na Líbia.
As
medidas como a que agora acaba de ser tomada não são solução para as tragédias
no Mediterrâneo. São, pelo contrário, uma intensificação da política
militarista e intervencionista da União Europeia e da NATO que esteve na origem
do massivo êxodo de migrantes que fogem da guerra e do caos patrocinado e
promovido pela UE, como o foi a agressão e desestabilização contra a Líbia.
Tal
como o Conselho Europeu de Refugiados e Exilados e várias organizações já
afirmaram, esta ação militarista pode conduzir ainda a mais vítimas, tanto pela
morte de migrantes que estejam dentro dos barcos abatidos, como pela procura
por parte destes de soluções alternativas ainda menos seguras.
São
imensos os riscos associados a esta operação. Como um documento não oficial da
Comissão Europeia, agora tornado público, sobre esta estratégia admite, é
"o alto risco de danos colaterais incluindo a perda de vidas" de uma
operação que contará com "amplos meios marítimos, de terra e ar",
incluindo unidades de forças especiais.
Esta
decisão, que o PCP condena veementemente, tem como objectivo não salvar vidas,
mas conter os migrantes que a UE não deseja – como aliás o demonstra a
discussão em curso sobre o chamado “sistema de quotas” da UE - ao mesmo tempo
que aprofunda a dominação política, económica e militar da UE nos países do
Norte de África e Médio Oriente e assegura a continuação da tutela neocolonial
alimentada com o hipócrita conceito de “Estado falhado”. Nesse sentido o PCP
opõe-se frontalmente à participação de Portugal numa operação contrária aos
princípios da Constituição da República Portuguesa.
O PCP apela à mobilização e
esclarecimento contra esta nova deriva e agressão militarista da UE e em defesa
da paz, da cooperação e do respeito pelos povos. É urgente a criação de rotas
de migração seguras e legais para dar combate ao tráfico de migrantes e
responder, de forma humanitária, às necessidades dos migrantes e refugiados.
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